O discurso da interdisciplinaridade no Brasil tem sido apropriado por grande parte da legislação educacional desde a década de 70 com o sentido de responsabilizá-la por elevar a educação a patamares superiores de qualidade. Na mesma direção, crescem vertiginosamente os trabalhos de pesquisa na área de educação, que apontam a importância da interdisciplinaridade no contexto atual. Por outro lado, tanto esses documentos legais como os meios acadêmicos outorgam ao professor o papel de desenvolver e implementar a interdisciplinaridade na sala de aula. O que se observa em trabalhos de pesquisa que investigam a prática dos professores é que estes se contentam em empreender projetos que julgam interdisciplinares, mas que em sua grande maioria não passam de multidisciplinares, apoiados no senso comum. Este quadro coloca o discurso da interdisciplinaridade com feições de uma falácia educacional. Este trabalho discute a insistência histórica da legislação e do meio acadêmico em tornar este discurso um grande objeto do desejo educacional. Já com relação aos professores, procura localizar as razões pelas quais eles não se aprofundam nessa prática além do senso comum, análise apoiada na epistemologia da prática docente como pensada por Tardif e Lessard, que justifica as ações dos professores com base nas características intrínsecas das situações do trabalho interativo.The discourse about interdisciplinarity in Brazil has been widely incorporated in the educational legislation since the 70s, and it has been considered as a tool to bring education to higher quality levels. In the same direction, currently there is a significant growth in researches pointing to the importance of interdisciplinarity. On the other hand, both oficial documents and the academia consider the teacher as the responsible to develop and implement interdisciplinary in the classroom. What is observed in studies that investigate the practice of teachers is that teachers undertake projects they conceive as interdisciplinary, but most of them are only multidisciplinary, supported by the common sense. This framework puts the interdisciplinarity discourse as an educational fallacy. This paper discusses the historical insistence of legislation and academia to elevate this discourse as a large object of the educational desire. In relation to the teachers, this work searches the reasons why they do not deepen this practice, with a theoretical analysis supported by the epistemology of practice teaching as thought by Tardif and Lessard, which justify teachers’ actions based on intrinsic characteristics of the situations of interactive work