Kanitz, Andréia

Lume 5.8

XXII Salão de Iniciação CientíficaProjeto de Pesquisa: “Reparo, intersubjetividade e controle social: conversa cotidiana e fala-em-interação institucional de sala de aula.”Bolsista: Andréia Kanitz (CNPq-UFRGS) / Coautora: Letícia Ludwig Loder / Orientador: Pedro M. Garcez (IL-UFRGS)CORREÇÃO E REPARO INICIADO E LEVADO A CABO PELO OUTRO NA FALA-EM-INTERAÇÃO DE SALA DE AULA: RETOMANDO O DEBATE. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SULReferências Bibliográficas:Garcez, P. M., & Loder, L. L. (2005). Reparo iniciado e levado a cabo pelo outro na conversa cotidiana em português do Brasil. DELTA, 21(2), 279-312.Hutchby, I. & R. Wooffitt. (1998). Conversation Analysis. Principles, practices and applications. Cambridge: Polity Press.Kanitz, A.; Loder, L. L. & Garcez, P. M. (2009). Rediscutindo correção e reparo iniciado e levado a cabo pelo outro na fala-em-interação cotidiana. In Anais do XXI Salão de Iniciação Científica da UFRGS. Porto Alegre, UFRGS. Levinson, S. (1983) Pragmatics, Cambridge: Cambridge University Press.Loder, L. L. & Jung, N. M. (2008). Fala em interação social: Introdução à análise da conversa etnometodológica. Campinas, SP: Mercado de Letras.Macbeth, D. H. (2004). The relevance of repair for classroom correction. Language in Society, 33, 703–736.McHoul, A. (1990). The organization of repair in classroom talk. Language in Society, 19, 349-77.1. A SISTEMÁTICA DO REPAROA sistemática de reparo é recurso central na fala-em-interação, do qual os participantes se valem para darconta de problemas de escuta, produção ecompreensão que põem em risco a intersubjetividade(a convergência de entendimento comum para a açãoconjunta).4 TRAJETÓRIAS BÁSICAS DE REPARO:2. QUESTIONAMENTO DE MACBETH (2004)Macbeth (2004) questionou o pertencimento doREPARO INICIADO E LEVADO A CABO PELO OUTRO,(doravante RILCO), a esse domínio organizacional. Para se poder apontar um problema e resolver o problema, propondo a suasubstituição, realizando, assim, uma correção,DE ACORDO COM O AUTOR, não haveria um problema de intersubjetividade, tratando-se, nesse caso, portanto, simplesmente da ação de corrigir o outro, não envolvendo reparo.3. O RECORTEApós reanálise de dados em conversa cotidiana    (KANITZ, LODER & GARCEZ, 2009), voltamos nosso interesse ao (re)exame da questão    a partir de sequências de fala-em-interação de sala de aula tidas até recentemente por nós como RILCO.PORÉM - diferentemente de Macbeth -focamos em contexto sequencial distinto de IRA.OBJETIVO: Verificar se a posição do autor ainda assim se sustentava.4. RESULTADOSA reanálise corroborou a posição de Macbeth.O participante - que apontava um problema e ao mesmo tempo propunha a sua resolução - não buscava resolver um problema de intersubjetividade, mas sim realizar a ação de corrigir o outro.5. O DADO:ANÁLISE:ANTES DO SURGIMENTO DA CONTROVÉRSIAO turno de Lívia, na linha 7, havia sido analisado como sendo uma instância de RILCO. Lívia estaria apontando e provendo a resolução de um item problemático por meio de sua  substituição, ou seja, correção. A participante estaria, assim, orientando-se para um problema de intersubjetividade na interação. DEPOIS DO SURGIMENTO DA CONTROVÉRSIANo entanto, fica evidente que Lívia, na linha 7, ao propor a substituição de bimestre por trimestre, ouviu e compreendeu bem o turno anterior de Daniele, a ponto de conseguir propor a correção e, logo em seguida, na linha 10, produzir a próxima ação relevante (responder ao pedido de confirmação de informação de Daniele).Isso nos permite asseverar que não há, de fato, nenhum problema de intersubjetividade em jogo na interação.    RESULTADO   SELF OUTRO INICIAÇÃO SELF 1. Iniciado e levado a cabo pelo SELF 3. Iniciado pelo SELF e levado a cabo pelo OUTRO OUTRO 2. Iniciado pelo OUTRO e levado a cabo pelo SELF 4. Iniciado e levado a cabo pelo OUTRO 6. CONSIDERAÇÕES:Também para sequências interacionais de sala de aulaem que IRA não ocorre, reparo e correção são domíniosorganizacionais distintos.Nossa revisão da questão, portanto, corrobora a posiçãode Macbeth (2004) de que a ação de corrigir não serealiza mediante reparo. Assim, RILCO não existe.Acrescentamos nossa asserção de que são três, e nãoquatro, as trajetórias elementares de reparo.Em sequências de RILCO, o interlocutor aponta um problemaem turno anterior (iniciareparo) e resolve o problema(leva a cabo o reparo).CONTUDO, Macbeth se limita ao exame de ocorrências do fenômeno em sequências interacionais típicas de sala de aula,– IRA – Iniciação-Resposta-Avaliação–, em que CORREÇÃO É META INTERACIONAL 01 Daniele: sor↑a: 02  (0,6) 03 Daniele: já- já 04  (1,1) 05 Daniele: a gente já tá no segundo bime:stre, 06  (1,5) 07 Lívia: tri:mestr[e    ] 08 Daniele:          [↑é:↓:] 09  (1,1) 10 Lívia: si::m [terceiro an]o no segundo trimestre. 11 (    ):       [prim:eiro  ]   (9 linhas omitidas) 21 Daniele: são[três meses,] 22 (    ):    [(°      seg]undo°) 23  (0,8) 24 Lívia são três meses.((Lívia balança a           25  cabeça afirmativamente)) 26  (0,5) 27 Lívia: três grupos de três meses. CORREÇÃOPEDIDO DE INFORMAÇÃORESPOSTA AO PEDIDO DE INFORMAÇÃO

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CORREÇÃO E REPARO INICIADO E LEVADO A CABO PELO OUTRO NA FALA-EM-INTERAÇÃO DE SALA DE AULA: RETOMANDO O DEBATE.

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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