Orientador: Prof. Dr. Josafá Moreira da CunhaCoorientadora: Prof(a). Dr(a) Iasmin Zanchi BouerDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Defesa : Curitiba, 07/03/2018Inclui referências: p.79-91Resumo: A educação de pessoas com deficiência intelectual passou por diversas transformações no Brasil e no mundo; da exclusão total do sistema de ensino ao conceito de inclusão. Em contextos escolares estudantes com deficiência intelectual enfrentam ainda atualmente muitos desafios em sua trajetória educacional, como por exemplo, situações de violência entre pares na escola. A abordagem do Clima Escolar Autoritativo indica que um ambiente escolar que é percebido como alto em Suporte e em Estrutura Disciplinar pode ser um fator de proteção contra as situações de violência, como a vitimização entre pares. O Suporte indica o quanto o aluno percebe o ambiente escolar como um local respeitoso, acolhedor e no qual os profissionais estão dispostos a fornecer ajuda quando necessária. Por sua vez, a Estrutura Disciplinar se refere a como as regras e limites da escola são percebidos; se há justiça no ambiente, normas de conduta bem definidas e justas para todos. No entanto, poucos estudos abordam essas relações em escolas brasileiras e há ainda menos pesquisas que utilizam os relatos dos próprios estudantes com deficiência intelectual, geralmente utilizando dados provenientes de seus professores e cuidadores. Portanto, essa pesquisa teve como objetivo principal compreender a influência do clima escolar autoritativo sobre comportamentos de agressão e vitimização entre pares em estudantes com deficiência intelectual através de seu autorrelato. Hipotetizou-se que a percepção do estudante de Suporte e Estrutura Disciplinar seria negativamente associada com os relatos de agressão e vitimização. Participaram do estudo 122 estudantes com deficiência intelectual de 4 escolas especiais da cidade de Curitiba, no sul do Brasil em duas etapas de coletas de dados ao longo do ano letivo (T1 e T2). Os discentes tinham entre 12 e 63 anos (média=25,31; d.p.=12,25). As medidas foram obtidas através de um questionário de autorrelato aplicado com os alunos sobre dados sociodemográficos; vitimização entre pares (Agressão Direta, Agressão Relacional e Vitimização); Suporte e Estrutura Disciplinar. Os instrumentos passaram pelo processo de adaptação para a população com deficiência intelectual. Os dados foram analisados através de comparação entre o T1 e T2, avaliação do processo de adaptação, regressão linear múltipla e controle para as variáveis de sexo, idade e grau de deficiência intelectual. Os principais resultados desta análise indicam que a adaptação para pessoas com DI foi considerada satisfatória para as dimensões de Suporte, Agressão Relacional, Agressão Direta e Vitimização. Quanto às associações entre o Clima Escolar Autoritativo e a vitimização entre pares, a idade e o Suporte foram preditores negativos significativos para a Agressão Relacional; indicando que ambientes mais acolhedores e com boas relações entre profissionais e estudantes podem ser um fator de proteção contra a vitimização entre pares. Palavras-chave: Clima Escolar Autoritativo; Vitimização entre Pares; Pessoas com Deficiência Intelectual, Educação Especial.Abstract: The education of people with intellectual disabilities passed through many transformations in Brazil and in the world; from exclusion of the educational system to the concept of inclusion. In school contexts students with intellectual disabilities still face many challenges in their educational trajectory, such as situations of peer victimization in school. The Authoritative School Climate framework indicates that a school environment that is perceived as high in Support and in Disciplinary Structure can be a protective factor against situations of violence, such as peer victimization. Support indicates how much the student perceives the school environment as a respectful and welcoming place, where professionals are willing to provide help when needed. Disciplinary Structure refers to how the rules the school are perceived; if there is justice in the environment, rules well defined and justice for all. However, few studies have dealt with these relationships in Brazilian schools and there are even fewer researches that used reports of students with intellectual disabilities, generally using data from their teachers and caregivers. Therefore, this research had as main objective to understand the influence of the Authoritative School Climate on behaviors of peer aggression and victimization in students with intellectual disabilities through their self-report. It was hypothesized that the student's perception of Support and Disciplinary Structure would be negatively associated with reports of aggression and victimization. A total of 122 students with intellectual disabilities of 4 special schools from the city of Curitiba, southern Brazil, participated in the study, data was collected in two points throughout the academic year (T1 and T2). The students were between 12 and 63 years old (mean=25.31; s.d.=12.25). The measurements were obtained through a self-report questionnaire applied with the students on sociodemographic data; peer victimization (Direct Aggression, Relational Aggression and Victimization); Support and Disciplinary Structure. The instruments went through the process of adaptation to the population with intellectual disabilities. Data were analyzed through a comparison between T1 and T2, evaluation of the adaptation process, multiple linear regression and control for the variables of gender, age and degree of intellectual disabilities. Main results indicates that the adaptation for people with intellectual disabilities was considered satisfactory for the dimensions of Support, Relational Aggression, Direct Aggression and Victimization. As for the associations between the Authoritative School Climate and victimization among peers, age and support were significant negative predictors for Relational Aggression; indicating that welcoming environments with good relationships between professionals and students can be a protective factor against peer victimization. Keywords: Authoritative School Climate; Peer Victimization; People with Intellectual Disabilities; Special Education