Orientadora: Profa. dra. Jocelaine Martins da SilveiraDissertaçao (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciencias Humanas, Letras e Artes, Programa de Pós-Graduaçao em Psicologia. Defesa: Curitiba, 20/04/2011Bibliografia: fls. 92-93Área de concentração: PsicologiaResumo: A relação terapêutica tem sido tema de diversos estudos, seja na perspectiva da análise do comportamento, seja em outras abordagens. No entanto, alguns autores notam que sua relevância para a análise do comportamento foi, por muito tempo, considerada subsidiária ao processo de mudança clínica, o qual seria determinado por outras intervenções, como a extinção ou o treinamento, por exemplo. Entre os obstáculos para o estudo da relação terapêutica e a valorização de seu impacto sobre a mudança clínica estão a dificuldade para sua especificação e a não utilização dos processos de aprendizagem. A Psicoterapia Analítica Funcional (FAP) tem sido considerada uma abordagem teórica e prática sistematizada para a análise da relação terapêutica. De acordo com a FAP, a relação terapêutica é fundamental para produzir mudanças no cliente, sendo que o mecanismo de mudança clínica hipotético da FAP é a re posta contingente do terapeuta aos comportamentos do cliente. Com o desenvolvimento do instrumento Functional Analytic Psychotherapy Rating Scale (FAPRS), escala capaz de documentar os comportamentos do terapeuta e do cliente durante o curso de uma terapia usando a FAP (assim como a resposta contingente daquele aos comportamentos deste), tem sido possível aprofundar ainda mais o estudo da relação terapêutica. Além disso, a FAPRS tem sido usada no treino de terapeutas para o emprego da FAP. Assim, o objetivo desta pesquisa foi estudar se uma intervenção sobre o comportamento do terapeuta, durante o curso de um atendimento usando a FAP, a partir de categorizações com a escala APRS, influenciaria a evocação de comportamentos clinicamente relevantes e o responder contingente a estes comportamentos. Realizou-se um delineamento de caso único com reversão ABA’, com uma díade terapeuta/cliente e, simultaneamente, conduziu-se uma replicação com outra díade terapeuta/cliente. A escala FAPRS foi utilizada tanto na categorização das sessões como na intervenção com as terapeutas participantes da pesquisa. Na análise de dados, foram utilizados cálculos de proporção de respostas, Qui-Quadrado de Pearson e procedimentos de análises sequenciais. Os resultados mostraram que, para as duas terapeutas, a evocação de comportamentos clinicamente relevantes não teve aumento significativo nas fases de intervenção e reversão. Quanto ao responder contingente das terapeutas aos omportamentos clinicamente relevantes de suas clientes, os resultados encontrados, para ambas as terapeutas, foram compatíveis com os resultados esperados: ocorreu um aumento significativo na fase de intervenção e, na fase de reversão, se manteve elevado em comparação à fase de linha de base. Como na fase de intervenção também ocorreram mais comportamentos clinicamente relevantes, esses dados parecem corroborar que o responder contingente do terapeuta aos comportamentos do cliente é o mecanismo de mudança clínica da FAP. Por outro lado, é possível que a intervenção, embora não tenha influenciado a ocorrência de evocação de comportamentos clinicamente relevantes pelas terape tas, tenha refinado esse comportamento. Quanto à escala FAPRS, esse estudo parece confirmar dados de estudos anteriores, os quais a consideram um importante instrumento para o estudo da relação terapêutica e para o treino de terapeutas no uso da FAP.Abstract: The therapeutic relationship has been subject of several studies, either from the behavior analysis perspective or in other approaches. However, some authors note that its relevance to behavior analysis was, for a long time, regarded as subsidiary to promote clinical change, which would be determined by other interventions, such as extinction or training, for example. Among the obstacles to study therapeutic relationship and its assessment on clinical change, there are difficulties to its specification and the non-use of learning processes. Functional Analytic Psychotherapy (FAP) has been considered a theoretical and practical approach for systematic analysis of therapeutic relationship. According to FAP, therapeutic relationship is essential to bring about client changes and FAP’s hypothesized mechanism of clinical change is the therapist contingent responding to client’s behaviors. Along with the development of Functional Analytic Psychotherapy Rating Scale (FAPRS), scale capable to document therapist and client behaviors over the course of a FAP therapy (as well as the contingent responding), it has been possible to deepen therapeutics’ relationship study. In addition, FAPRS has been used to train FAP therapists. Thus, the aim of this research was to study whether an intervention on therapist’s behavior, during the course of a treatment using FAP, from FAPRS categorizations, would influence the evoking of clinically relevant behaviors and the contingent responding to these behaviors. It was conducted a single subject ABA’ design, with a therapist/client dyad, while, simultaneously, it was conducted a replication with another therapist/client dyad. FAPRS scale was used in both the session coding and in the intervention with therapists who took part of the research. Data analysis included response rate calculations, Pearson's chi-square and sequential analysis procedures. Results showed that, for both therapists, the evocation of clinically relevant behaviors had no significant increase in intervention and reversal phases. As for the therapists contingent responding to their client’s clinically relevant behaviors, results for both therapists were consistent with expected results: there was a significant increase in the intervention phase, and in reversal phase, it remained high compared to the baseline phase. Given that, in intervention phase, it has also occurred more clinically relevant behaviors, these data seem to confirm that therapist’s contingent responding to client’s behavior is the mechanism of clinical change of FAP. Moreover, it is possible that the intervention, although it did not influence the occurrence of clinically relevant behaviors evoked by the therapists, has refined this ehavior. Regarding FAPRS scale, this study seems to confirm data from previous studies, which consider it an important tool for the study of the therapeutic relationship and the training of therapists in the use of FAP