Analisar a política de formação da Via Campesina Internacional por meio das experiências concretas na América do Sul é o objetivo central deste livro. A obra toma essas experiências como parte de um processo de territorialização contra-hegemônica do capital, que se daria por meio da luta empreendida a partir da organização dos sujeitos do campo. O estudo se desenvolve a partir de análises da autora sobre aspectos relacionados a megaprojetos de infraestrutura, que forjariam um domínio hegemônico do capital, e suas consequências, como a desterritorialização dos sujeitos do campo por meio da expropriação, exploração e subsunção à ordem estabelecida. No segundo capítulo, ela situa historicamente o surgimento da Via Campesina Internacional. As linhas políticas e organização do movimento oferecem o suporte para reflexões sobre os processos de resistência contra a hegemonia do capital no campo. A seguir, a autora retrata as experiências da Via Campesina América do Sul e busca identificar aspectos da política de formação da organização. No capítulo seguinte, são discutidos conceitos geográficos – como território, territorialização e territorialidade – que perpassam a análise da construção hegemônica do capital no campo versus a luta contra-hegemônica na América do Sul. Também são abordados conceitos sob a perspectiva teórica de Antonio Gramsci, como Estado, hegemonia, formação política e intelectual orgânico. A obra ainda aborda questões da luta e organização relacionadas às políticas de formação da Via Campesina como meios de construção da consciência de classe. A autora explica que a escolha do tema central deste trabalho – a formação política em organizações sociais no campo – advém de sua prática militante de acompanhamento e coordenação desses processos: “Partindo dessa prática reflexiva, a necessidade de aprofundamento teórico tornava-se cada vez mais provocante e desafiadora”, afirma