Racionalidade e diferença

Abstract

A questão da diferença, no momento em que aparece ao pensamento humano, inaugura o debate e a discussão filosófica na tradição do Ocidente, tornando-se um ponto fundamental e culminante na história da filosofia. Desde a sua origem, o discurso filosófico vive dessa perplexidade; no entanto, procura desde o início pensar a identidade como identidade, na sinuosidade das diferenças reais e no poder do seu jogo lingüístico; ao negar o jogo das diferenças, assume uma postura essencialmente baseada em uma ilusão logocêntrica que procura reduzir todo o múltiplo à unidade totalitária. Trata-se de uma postura que se pronuncia pelo ser contra o nada, pela sincronia contra a diacronia e pela mesmidade contra a alteridade. Historicamente, apesar das mais variadas soluções e vicissitudes apresentadas a esse problema, seja como filosofia, seja como ciência, pode-se observar que prevalece, continuamente, a tentativa, sem se deixar distrair pela infinita riqueza da multiplicidade das coisas, de direcionar o pensamento filosófico para a totalidade. O todo é a dimensão mais vasta que a filosofia tradicional, não obstante as exceções, consegue pensar. Assim, ao não deixar nada de fora, para possuir o significado filosófico do todo e a fim de manter a racionalidade do logos, algo que possa transcender a totalidade, enquanto exterior, o “para além do ser” é motivo suficiente com base no qual se pro cura desde logo excluir. A esse respeito, não se pode deixar de inquirir se essa postura diante da multiplicidade, em que razão tenta reuni-la num todo, não significaria, na origem da própria filosofia, uma limitação e uma insegurança do racional?Tal atitude não revelaria um sintoma de uma fraqueza e de um declínio incipiente, cujo destino se cumpre ao longo da tradição do Ocidente

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