Avaliação e recuperação de Eucalyptus dunnii Maiden atingido por geadas em Campo do Tenente, PR

Abstract

Este estudo teve como objetivo avaliar os efeitos dos danos causados por geadas, ocorridas em junho de 1994, num teste de progênie de meio-irmãos de Eucalyptus dunnii Maiden, plantado em fevereiro de 1993 em Campo do Tenente, PR. O clima da região é classificado como submontano úmido e muito úmido com ocorrência de até 40 geadas por ano. O experimento foi constituído de 40 progênies originadas de matrizes amostradas em populações naturais na Austrália e duas progênies provenientes de sementes de árvores selecionadas no local e usadas como testemunhas. O delineamento usado foi de blocos casualizados com seis repetições e parcelas lineares com quatro plantas. O espaçamento entre plantas foi de 3,0 m x 3,0 m. Foi adotado uma bordadura dupla em todo o experimento. Após a primeira avaliação de sobrevivência, altura e DAP, feita aos 12 meses de idade, as plantas foram atingidas pelas geadas ocorridas em junho de 1994, considerada severa para a região. Uma avaliação visual dos danos, atribuindo-se notas de 0 a 10, foi feita 30 dias após a ocorrência da primeira geada. Também foram feitas avaliações de sobrevivência, altura e DAP aos 26 e 36 meses de idade. Todas as plantas do experimento apresentaram sintomas, em níveis variáveis, de danos causados pelas geadas. No entanto, as geadas não afetaram a sobrevivência e também não alteraram as posições hierárquicas das progênies em relação ao crescimento em altura, nas avaliações realizadas nos dois anos subsequentes. As testemunhas apresentaram crescimento em altura, DAP e volume próximo a média do experimento, mas resistência a geadas superior a média, mostrando que o material genético estava mais adaptado as condições climáticas locais. As notas atribuídas na avaliação realizada 30 dias após a ocorrência das geadas foram consideradas uma expressão de resistência a geadas. O percentual de crescimento em altura posterior as geadas, medido a partir das marcas dos danos, em relação a altura total aos 26 meses de idade, foi chamado de resiliência e expressa a capacidade de recuperação da planta. Essas características são importantes como critério de seleção de árvores para plantios em locais de ocorrência de geadas. As progênies mostraram diferenças altamente significativas para essas duas características. No entanto, elas apresentaram baixa correlações fenotípica e genética entre si. As progênies apresentaram diferenças significativas em relação ao número de brotos apicais. Essa característica foi correlacionada genética e fenotípicamente com resiliência, mas não com resistência a geadas. Resistência a geadas e características de crescimento apresentaram alta correlação genética. A análise multivariada, baseada nas medições de altura e resistência a geadas, mostrou que a altura aos 12 meses e altura do dano aos 26 meses de idade expressam 90,25% da variância total. Entre as características analisadas, o número de brotos apresentou os menores valores estimados para coeficiente de herdabilidade e baixo erro. Por outro lado, a resistência a geadas apresentou os maiores valores para a estimativa do coeficiente de herdabilidade, tanto ao nível de família como ao nível de indivíduo, mostrando a potencialidade de melhoramento genético para esta característica Embora, neste caso, as plantas tenham se recuperado dos danos causados pelas geadas, as marcas observadas posteriormente mostram que a qualidade da madeira pode ter sido comprometida. A comparação dos resultados obtidos nesse estudo com os relatados na literatura evidenciam a complexidade do assunto e os riscos de generalização de recomendações de práticas silviculturais em regiões de ocorrência de geadas

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