Aborto, prostituição e saúde pública : uma questão silenciada

Abstract

Monografia (graduação)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Serviço Social, 2012.Esta pesquisa tem por objetivo descrever as práticas e os saberes compartilhados por prostitutas para a realização do aborto ilegal. O estudo, de natureza exploratória e qualitativa, baseia-se em dados coletados por meio de entrevistas semiestruturadas com seis prostitutas de 18 a 39 anos na cidade de Porto Alegre (RS) que realizaram pelo menos um aborto. Este trabalho aborda as histórias de vida das prostitutas levando em consideração situação conjugal, número de filhos, escolaridade, estrutura familiar, cor e número de gestações e abortos. Descreve as práticas e os discursos sobre o aborto, bem como os métodos utilizados para realizá-lo. Descreve também os percursos seguidos para a realização do aborto, observando-se três etapas desse processo. A primeira é o atraso menstrual, os sintomas, os sinais, as práticas de descer a menstruação e as tomadas de decisão. A segunda etapa são os métodos, os seus custos e o tempo necessário para a realização do aborto. A terceira etapa é a aplicação do Citotec, a finalização do aborto em clínicas ilegais e hospitais e a internação. Identificam-se ainda as redes de proteção das mulheres para realização do aborto ilegal: quem são os indivíduos que as ajudaram — amigas, colegas de trabalho, companheiro, familiares, vizinhos; quais as instituições — igreja, hospitais, ONGs, associações; sites da internet; comerciantes, farmacêuticos, traficantes, parteiras, feirantes. Este estudo é guiado pelo entendimento de que a questão do aborto perpassa o conceito constitucional de direito à saúde por meio de políticas públicas

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