Refletir sobre método de pesquisa qualitativa leva a diferentes questionamentos sobre a
forma como temos nos posicionado a respeito do tipo de pesquisa que aspiramos. A
discussão epistemológica, tão debatida entre diferentes autores nesse campo, não tem
produzido preocupação sobre o que essa reflexão implica em termos de produção de
conhecimento. Nesse campo, ainda é recorrente a apresentação da entrevista como o
próprio método, evidência da instrumentalização do próprio processo de pesquisa.
Nesse trabalho, saliento a importância da reflexão teórica no percurso da pesquisa em
que se utiliza o método construtivo interpretativo. A teoria aparece como marco de
referência e não como um a priori capaz de significar o momento empírico sem a
capacidade criativa do pesquisador. Pelo mau uso da teoria no processo de análise, as
categorias tomam vida própria sem a reflexão daquele que faz a pesquisa. Um dos
desafios na pesquisa a partir da epistemologia qualitativa assenta-se na relação entre a
teoria, o momento empírico e as reflexões do pesquisador. É necessário assumir o
compromisso com a teoria e ao mesmo tempo avançar com ideias próprias. Nesse
sentido, o culto ao empírico, várias vezes enfatizado por González Rey, é problemático
na medida em que não permite construção que aponte além da evidência. A teoria é um
sistema aberto que nos permite gerar conhecimento sobre os diferentes fenômenos, é o
início de um processo que não se encerra em si mesmo, mas que nos permite avançar a
partir de diferentes reflexões que se implicam no processo de pesquisaResumo de trabalho submetido e aceito no Congresso Interamericano de Psicologia (2015