Quando o terreiro vai à escola: possibilidade de incorporação das epistemologias africanas e afro-brasileira na educação física escolar

Abstract

Introdução: Este trabalho se dispõe a apresentar argumentos relacionados à estruturação e formação da prática da educação física escolar no Brasil e o quanto esta prática escolar chancela ou não os aspectos de diversidade cultural e étnicoracial, bem como o direito de igualdade e a valorização de uma identidade negra positiva em meio aos aspectos culturais plurais de nossa nação. Objetivo: Este trabalho tem como objetivo analisar como as culturas afro-brasileiras e africanas são ou não contempladas pela educação física escolar em sua história e na contemporaneidade, bem como facilitar o processo de aplicabilidade da lei 10.639/03 que torna obrigatório o ensino da história e cultura africana e afrobrasileira no currículo escolar. Material e Métodos: Esta pesquisa de caráter exploratório foi realizada a partir de análise bibliográfica de artigos acadêmicos e trabalhos de conclusão de curso acessados no banco de dados do Google Acadêmico, publicados do ano de 2006 a 2014. Utilizou-se também livros publicados de 2004 a 2010, como também Anais de eventos científicos publicado em 2014. Revisão da Literatura: No decorrer de sua história a educação física escolar foi utilizada politicamente como instrumento de uniformização e controle dos corpos e da ação dos sujeitos, interferindo contundentemente na concepção de identidade e no desenvolvimento social dos coletivos. Os parâmetros utilizados para o que se referia à saúde do corpo, seu desenvolvimento e suas capacidades, eram baseados em teorias eugênicas europeias invalidando assim a relação cultural dos povos negros e indígenas com o corpo, o movimento e seu desenvolvimento motor e social. Como consequência percebe-se a desvalorização e desconsideração dos aspectos de saúde e corporeidade vivenciados nas culturas dos povos afrobrasileiros e os de comunidades de terreiro. Em janeiro de 2003 foi sancionada a lei 10.639 que altera a LDB – lei 9394/96 - tornando obrigatório o ensino sobre história e cultura africana e afro-brasileira provocando alguns avanços na educação numa perspectiva educacional anti-racista, para que a diversidade cultural brasileira seja contemplada e para valorização das culturas e identidades negras. Propondo-se ao cumprimento dessas novas diretrizes curriculares, este estudo se ampara nas capacidades de uma educação afrocentrada que vislumbre as práticas corporais e as cosmologias africanas e afrodescendentes como parte integrante de um currículo a ser aplicado nas práticas de educação física escolar.Considerações Finais: Aos educadores é importante salientar a responsabilidade social formadora de cidadania pela defesa dos direitos de igualdade de todos os povos, tendo em vista a pluralidade cultural e étnico-racial no ambiente escolar. Este trabalho visa facilitar este processo e elucidar quanto a esta responsabilidade.Introduction: This paper is willing to present arguments related to structuring and formation of school physical education practice in Brazil and how this school practice seals or not the aspects of cultural and ethno-racial diversity, as well as the right of equality and the valorization of a positive black identity among the plurals cultural aspects of our nation. Objective: This paper goals to analyze how Afro-Brazilian and African cultures are or not included in the school physical education in its history and nowadays, as well as to facilitate the process of applicability of the 10.639/03 law which makes teaching African and Afro-Brazilian history and culture mandatory in the school curriculum. Material and Methods: This exploratory research was done from bibliographical analysis of academics papers and terms papers accessed in database of Google Scholar published from 2006 to 2014. Books published from 2004 to 2010 were also used, as well as scientific events history published in 2014. Literature Review: During its history, the school physical education was used politically as an instrument of standardization and control individual’s bodies and actions, strongly interfering in the conception of identity and in the collective’s social development. The parameters used in what were concerned to bodies’ health, its development and capacities were based in European eugenics theories invalidating, thus, the cultural relation between black and indigenous people with their bodies, movement and their motor and social development. As consequence, it notices the devaluation and slight of the aspects of health and corporeity experienced in the Afro-Brazilian cultures and in the yard communities (comunidades de terreiro). In January 2003 was sanctioned the law 10.639/03 which changes the National Educational Bases and Guidelines Law (LDB) – law 9.394/96 – making teaching Afro-Brazilian and African culture and history mandatory, arousing some advances in the education system in an anti-racist educational perspective, in order to include the Brazilian cultural diversity and to valorization of black identity and culture. Proposing to accomplish these new curricular guidelines, this study supports itself in the capacities of an afrocentric education that glimpses the body practices and the African and African descendant cosmologies as integral part of the curriculum to be applied in the practices of school physical education. Conclusions: It is important to stress to educators that the social responsibility forms citizenship defending the rights of equality of all people with a view to the ethno-racial and cultural plurality in the school environment. This paper goals to facilitate this process and clarify regarding to this responsibility

    Similar works