Tese de mestrado. Biologia (Biologia Celular e Biotecnologia). Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2010O género Hypericum (Clusiaceae) deve a sua ampla utilização em medicina popular à espécie representativa do género H. perforatum (Milfurada), que é usada desde a Antiguidade. Das muitas actividades farmacológicas atribuídas às espécies deste género, salientam-se a antiviral, antibacteriana e antifúngica, o que confirma muitas das suas utilizações tradicionais. Entre as substâncias bioactivas isoladas nestas espécies destacam-se a hipericina e hiperforina e seus derivados. Apesar de nas últimas décadas serem numerosos os estudos fitoquímicos e farmacológicos realizados em espécies de Hypericum, são raros os estudos sobre a morfo-anatomia das estruturas secretoras envolvidas na produção dos compostos bioactivos. Este trabalho teve como objectivo o estudo da morfologia e anatomia das estruturas secretoras que ocorrem nos órgãos aéreos de Hypericum elodes, H. perfoliatum, H. pubescens e H. tomentosum. Para além disso caracterizou-se histoquimicamente os secretados e avaliou-se a actividade antifúngica dos óleos essenciais e de extractos etanólicos. Caracterizam-se os diferentes tipos de estruturas secretoras (glândulas translúcidas, nódulos negros, canais e idioblastos secretores) e descreve-se o seu padrão de distribuição nos diferentes órgãos. As glândulas translúcidas são cavidades sub-epidérmicas delimitadas por duas ou três camadas de células, enquanto que os nódulos de cor vermelha a negra, são maciços de células que parecem não desenvolver um lúmen. Os canais secretores, quando associados ao floema, são de pequeno calibre e o lúmen está sempre delimitado por quatro células (tipo A) ou localizam-se nos parênquimas, apresentando maiores dimensões e lúmen delimitado por um epitélio glandular com cerca de dez células (tipo B). Os idioblastos acumulam taninos ou oxalatos de cálcio que cristalizam sob a forma de drusas. Descrevem-se ainda outros dois tipos de glândulas, nódulos peduculados e estruturas híbridas, com características anatómicas simultaneamente de nódulo e canal, que por serem raras, não foram até agora estudadas detalhadamente. De um modo geral, as bolsas secretam óleos essenciais ricos em compostos fenólicos (agliconas flavonólicas), os canais eliminam oleorresinas e os nódulos contêm essencialmente hipericina. Os óleos essenciais e extractos etanólicos avaliados não revelaram a presença de concentrações mínimas inibitórias contra o basidiomycete T. versicolor, sendo no entanto significativo o decréscimo micelial obtido ao longo do estudo efectuado.The widespread use of genus Hypericum (Clusiaceae) in folk medicine has its origin in the most representative specie of the genus H. perforatum (St John’s Wort) which has been used since Antiquity. Concerning pharmacological activities attributed to this genus, we emphasize antiviral, antibacterial and antifungal activities, which validate many of its traditional uses. Among the isolated bioactive substances from this species, we underline hypericin, hyperforin and their derivatives. Despite the intense phytochemical and pharmacological research conducted in Hypericum species during the last decades, morpho-anatomical studies on the glands that produce bioactive compounds are rare. The aim of the present work was to study the secretory structures that occur on the aerial organs of Hypericum elodes, H. perfoliatum, H. pubescens e H. tomentosum from a morphological and anatomical point of view. In addition, we characterized histochemically the secretory products and evaluated antifungal activity of essential oils and ethanolic extracts. Different types of secretory structures (translucent glands, black nodules, ducts and idioblasts) are characterized and their distribution pattern in different organs is described. Translucent glands are subepidermical cavities delimited by two or three cell layers, whereas red to dark nodules are clusters of cells laking a central intercellular space (a lumen). Ducts, when associated with the phloem, have a narrow lumen always delimited by four cells (type A) or when located in parenchyma have a wide extent and a lumen surrounded by ten cells, approximately (type B). Idioblasts contain tannins or calcium oxalate crystals. Two other types of peculiar glands, secretory emergences with a nodule on top and hybrid structures, composed partly of nodule and partly duct, are also characterized. As they are plant uncommon structures their study has been neglected. The histochemical tests showed that cavities secrete essential oils rich in phenolic compounds (flavonolic aglycones), ducts produce oleoresins and nodules contain essentially hypericin. Although the tested essential oils and ethanolic extracts didn’t reveal the existence of minimal inhibitory concentrations against T. versicolor basidomycete, there was a substantial decrease in micelial growth during the experience