O "jovem radical" contemporâneo : novos sentidos de um qualificativo juvenil

Abstract

A radicalidade atribuída a alguns comportamentos juvenis já não se esgota na esfera do activismo político. Actualmente, tem implícita uma noção mais mundana e quotidiana de comportamento social, orientado por princípios de experimentação e superação de limites físicos e sociais que regulam e disciplinam os corpos juvenis. A concretização desses princípios em certos usos e investimentos na imagem, movimento ou sensações do corpo, concede aos jovens que os realizam uma visibilidade social marcada pela excessividade e pela espectacularidade, lida e reivindicada como radical. Em última instância, o “jovem radical” de hoje corresponde à encarnação de um “corpo radical”. Nestes casos, o corpo juvenil é vivido não como objecto de conformação, mas como recurso de confrontação social. Em alguns contextos, os jovens encontram condições para introduzir e exercitar, subrepticiamente, alguma desordem na ordem corporal imposta. O seu corpo é mobilizado como espaço de afirmação da presença de si no mundo, tornando-o num manifesto silencioso da sua existência. Um manifesto que se dá a ver mais que a fazer-se ouvir. Os usos e investimentos radicais no corpo exprimem experiências de transcendência e provas de si que concedem os seus autores um sentido de singularidade e de autenticidade num mundo social cada vez mais massificado, incerto e exigente

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