research

Alunos surdos e a matemática: dois estudos de caso no 12.º ano de escolaridade do ensino regular

Abstract

Tese de mestrado, Educação (Didáctica da Matemática), Universidade de Lisboa, Faculdade de Ciências, 2009Nas últimas décadas, a Escola tem-se tornado um espaço cada vez mais multicultural (César, 2009; César & Oliveira, 2005; Favilli, César, & Oliveras, 2004), onde se encontram alunos diversificados, alguns categorizados como apresentando Necessidades Educativas Especiais (NEE), como acontece com os alunos Surdos. Estas alterações vieram trazer novos desafios para ultrapassar o insucesso académico e a exclusão (Ainscow & César, 2006; César & Santos, 2006; Oliveira, 2006; Santos, 2008; Silva, 2008). Na disciplina de matemática os fenómenos de rejeição, insucesso académico, representação social negativa, ou baixa auto-estima académica positiva são muito frequentes. O professor precisa de (re)pensar o currículo e as práticas de forma a adaptá-los a todos os alunos (Loureiro, Rijo, & César, 2001) e às singularidades de cada um, como defendem os princípios da educação inclusiva (Ainscow & César, 2006), baseados na Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994). Neste trabalho procuramos estudar as barreiras à comunicação e ao acesso às ferramentas culturais da matemática (escolar) por parte de alunos Surdos, incluídos numa turma do ensino regular. Esta investigação enquadra-se no paradigma interpretativo (Denzin, 2002; Erickson, 1986; Hamido, 2005) e assume o formato de estudo de caso. Em particular, debruçamo-nos sobre dois estudos de caso intrínsecos (Stake, 1995): dois alunos Surdos, frequentando o 12º ano de escolaridade, numa escola pública dos arredores de Lisboa. Os dados foram recolhidos através de observação participante de aulas de matemática, entrevistas, conversas informais e documentos. A análise dos dados recolhidos permitiu reconhecer padrões de actuação que caracterizam e distinguem as interacções sociais observadas: professora/alunos Surdos; professora/turma e alunos Surdos/alunos ouvintes. Nos resultados procuramos, também, apresentar uma reflexão sobre o contributo das adaptações das práticas de sala de aula realizadas pela professora e alunos ouvintes para a promoção das aprendizagens matemáticas e da inclusão destes dois alunos Surdos.In the last decades the School became a more and more multicultural space (César, 2009; César & Oliveira, 2005; Favilli, César, & Oliveras, 2004) attended by diversified students, some of them categorized as presenting Special Educational Needs (SEN), such as Deaf students. These changes brought new challenges like undertaking the academic underachievement and exclusion (Ainscow & César, 2006; César & Santos, 2006; Oliveira, 2006; Santos, 2008; Silva, 2008). In the subject of mathematics the phenomena of rejection, academic underachievement, negative social representations, or low academic positive selfesteem often exist. The teacher needs to (re)think the curriculum and the pedagogical practices in order to adapt them to all the students (Loureiro, Rijo, & César, 2001) and to the particularities of each one of them, as underlined by the principles of the inclusive education (Ainscow & César, 2006), based on the Salamanca Statement (UNESCO, 1994). In this work we aim at studying the barriers to the communication and to the access to (academical) mathematics' cultural tools experienced by the Deaf students included in mainstream classes. We assume an interpretative approach (Denzin, 2002; Erickson, 1986; Hamido, 2005). We developed two intrinsic case studies (Stake, 1995) regarding two Deaf students, attending the 12th grade in a mainstream school in the surroundings of Lisbon. The data were collected through participant observation of mathematics classes, interviews, informal talks and documents. The analysis of the data allowed to recognize patterns of action that characterize and distinguish the social interactions observed: teacher-Deaf students; teacher-students and Deaf students-hearing students. In the results we also reflect on the contribution of the adaptations to the classroom practices. Those adaptations were both done by the teacher and the hearing students and facilitated the promotion of the mathematical knowledge appropriation and the inclusion of these two Deaf students

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