Dissertação de mestrado em Psicologia (Psicologia Clínica e Saúde - Psicogerontologia Clínica), apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra.Desde os anos 80 que a investigação (e.g., para revisão ver Zimmer,
2001), numa situação experimental que configura o paradigma subjectperformed
task (SPT), tem vindo a dar conta da superioridade na evocação
de instruções simples na condição de codificação actuada, comparativamente
à condição de codificação verbal. Esta superioridade, designada de efeito de
actuação, tem-se verificado para adultos jovens e, de modo menos
consistente, para adultos idosos (e.g., Feyereisen, 2009). O presente estudo
procurou aprofundar a compreensão do contributo da multimodalidade,
implicada na presença do objecto, e da componente motora, implicada na
acção, para o efeito de actuação, através dos conceitos de “recodificação” e
“compensação”, propostos por Bäckman (1985a). Para tal, aplicou-se o
paradigma SPT com manipulação do estado do objecto (presente ou ausente)
e do tempo de codificação (rápido ou devagar). A amostra foi constituída por
32 adultos idosos, com idades entre os 63 e os 73 anos, sem sintomatologia
depressiva nem indícios de declínio cognitivo, e 32 adultos jovens, com
idades entre os 19 e os 27, também sem sintomatologia depressiva. Os
grupos foram comparados em termos de aptidão verbal, não tendo sido
encontradas diferenças. Os resultados revelaram que o efeito de actuação se
mantém, mesmo sem objecto, apontando para o papel não necessário da
multimodalidade, para adultos jovens e idosos. Nestes últimos, registou-se
uma redução do tamanho do efeito para metade. Não parecem estar em causa
processos de recodificação, apesar de subsistirem dúvidas em relação à sua
efectiva restrição pela variável tempo. Quanto à compensação, para os
adultos idosos, sem restrições de tempo, adicionar a multimodalidade à
apresentação verbal levou a melhor desempenho do que adicionar a
componente motora. Com restrições de tempo, o padrão inverteu-se. Já
adicionar multimodalidade e componente motora à apresentação verbal é a
mais benéfica das condições para a melhoria de desempenho dos adultos
idosos. Além disto, apesar de não se revelar necessária para a obtenção do
efeito de actuação, a multimodalidade parece ser necessária para não se
detectarem diferenças entre grupos etários, no desempenho da memória de
acções.Since the 80s, the litterature (e.g., for a review see Zimmer, 2001),
using an experimental setting referred to as subject-performed task (SPT)
paradigm, has been reporting an enhancement in recall for the encoding of
simple instructions when they are performed, compared with just verbal
encoding. This superiority, termed as enactment effect, has been verified for
younger adults, and, in a less consistent way, for older adults (e.g.,
Feyereisen, 2009). The present study attempted to explore the role of
multimodality, engaged in the presence of objects, and the motor
component, engaged in the action, in accounting for the enactment effect,
using the concepts of “recoding” and “compensation”, proposed by
Bäckman (1985a). With this purpose, the SPT paradigm was applied along
with the manipulation of state of the object (present or absent) and time of
encoding (fast or slow). Thirty-two older adults, aged between 63 and 73
years-old, without depressive symptoms neither signs of cognitive decline,
and thirty-two younger adults, with ages between 19 and 27, also without
depressive symptoms, participated in the experiment. These groups were
compared with respect to their verbal skill, having showed no significant
differences. The results showed an enactment effect, despite the absence of
the object, pointing to the not necessary role of multimodality in the effect,
for younger and older adults. For this last group, the magnitude of the effect
was reduced in half. There is no direct evidence that recoding processes are
taking place. Nevertheless, some doubts remain about time being actually
restricting that processes. Concerning compensation, to older adults, with no
time restrain, joining multimodality to verbal presentation of items resulted
in a best performance compared to joining the motor component. With time
restrain, the pattern reversed. Joining multimodality and motor component to
the verbal presentation is the most advantageous condition to older adults’
memory improvement. Furthermore, despite multimodality does not reveal
to be necessary for the enactment effect, it seems to be necessary to the
absence of detected differences in the memory performance of groups