Trabalho final de mestrado integrado em Medicina área cientíca de Reumatologia, apresentado à Faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraIntrodução: O lúpus eritematoso sistémico (LES) é uma doença sistémica
autoimune, caraterizada por exacerbações e remissões imprevisíveis da atividade da doença.
Objetivos: Avaliar a responsividade e validade do Portuguese systemic lupus
activity questionnaire (P-SLAQ), um auto questionário de avaliação da atividade do LES.
Métodos: O P-SLAQ, a avaliação global da existência de crise do LES (Crise LES) e
da intensidade do LES (AGD), foram respondidos por doentes consecutivos com LES,
cumprindo os critérios de classificação ACR 1997, imediatamente antes da consulta. O
reumatologista, desconhecendo os resultados do P-SLAQ, examinou cada paciente e
completou o Systemic Lupus Assessment Measure-Revised (SLAM-R), Systemic Lupus
Erythematosus Disease Activity Index (SLEDAI-2K) e Physician Global Assessment (PGA).
A correlação do P-SLAQ com os restantes instrumentos de avaliação da atividade da
doença foi analisada pela correlação de Pearson.
A responsividade, incluiu doentes com 2 avaliações em consultas consecutivas,
calculou-se pela correlação de Pearson entre as variações obtidas (entre a segunda e primeira
avaliação) no P-SLAQ e SLAM-R exclusivamente clínico (SLAM-clínico). Realizou-se
análise multivariada para testar o efeito de co-variáveis como a variação do P-SLAQ na
variação do SLAM-clínico.
Resultados: Na análise de validade foram incluídos 166 doentes com pelo menos
uma avaliação (85,5% mulheres e idade média 42,7±3,5). Verificaram-se correlações
significativas (p<0,01) moderadas do P-SLAQ com Crise LES (r=0,567), AGD (r=0,694) e
SLAM-clinico (r=0,350).
Na avaliação da responsividade, incluindo 87 doentes cujas avaliações tiveram
intervalo médio de 4 meses, o P-SLAQ apresentou moderada responsividade relativamente ao
SLAM-clínico (r=0,343, p<0,01).
No modelo de regressão linear analisaram-se como potenciais co-fatores preditivos
da variação do SLAM-clínico, a variação do P-SLAQ, género, idade, grau de escolaridade e
duração da doença. Além da Diferença do P-SLAQ, apenas a idade é um fator preditor
significativo baixo da Diferença do SLAM-clínico no modelo multivariável.
Conclusões: Verificou-se que a autoavaliação da atividade do LES pelo doente com
P-SLAQ se correlaciona com a avaliação clínica pelo médico, através do SLAM-clínico.
Além disso, a variação na pontuação do P-SLAQ correlaciona-se com alterações da atividade
clínica do LES entre consultas consecutivas, medidas pelo SLAM-clinico, em análise uni e
multivariada. Contudo, o valor preditivo da autoavaliação pelo doente para detetar variações
da atividade do LES é baixo. Estes resultados reforçam a necessidade de monitorização
médica dos doentes com LES a intervalos regulares, ainda que não apresentem manifestações
de agudização aparentes para o doente.Introduction: Systemic lupus erythematosus (SLE) is a systemic autoimmune
disease, characterized by unpredictable flares and remissions of disease activity.
Objective: Evaluate the responsiveness and validity of the Portuguese systemic
lupus activity questionnaire (P-SLAQ), a self-inquiry that evaluates SLE activity.
Methods: P-SLAQ, global evaluation of SLE flare existence (SLE flare) and SLE
intensity (AGD), was completed by consecutive SLE patients fulfilling the ACR 1997
classification criteria, just prior to a scheduled visit. The rheumatologist, blinded to P-SLAQ
results, examined each patient and completed the Systemic Lupus Assessment Measure-
Revised (SLAM-R), Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index (SLEDAI-2K)
and Physician Global Assessment (PGA).
Correlation between P-SLAQ and physician rating of SLE disease activity was
analyzed by Pearson’s correlation.
Responsiveness, which included patients with 2 evaluations in consecutive visits,
was evaluated using Pearson’s correlation between variation (between second and first
evaluation) on P-SLAQ and SLAM-R clinical exclusively (SLAM-nolab). The multivariate
analysis was performed to check the effect of variation P-SLAQ and others co-variables on
SLAM-nolab variation.
Results: In the validation analysis were studied 166 patients with, at least, one
evaluation (85,5% women and mean age of 42,7±3,5). Significant (p<0,01) moderate
correlations were obtained between P-SLAQ and SLE flare (r=0,567), AGD (r=0,694) and
SLAM-nolab (r=0,350).
On responsiveness evaluation, including 87 patients evaluated with a mean interval
of 4 months, P-SLAQ provided a moderate responsiveness regarding to SLAM-nolab
variation.
In the linear regression model were analyzed several potential predictive co-factors
of SLAM-nolab variation, the P-SLAQ variation, gender, age, school degree and disease
duration. Further to P-SLAQ variation, just age is a significant, but low, predictor variable of
SLAM-nolab variation in the multi-variable model.
Conclusion: Patient self-evaluation of SLE activity, using P-SLAQ, correlates with
the physician clinic evaluation, through SLAM-nolab. Furthermore, the variation in P-SLAQ
scores correlates with changes of SLE clinic activity between consecutive visits, measured
with SLAM-nolab, in uni and multivariate analysis. However, the predictive value of patient
self-evaluation for detect SLE activity variations is low. These results strengthen the need for
medical monitoring of SLE patients at regular intervals, even if patients don’t present selfapparent
exacerbations events