Trabalho final de mestrado integrado em Medicina área cientifica de Psiquiatria, apresentado á Faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraIntrodução: Ao longo do curso de Medicina, a omissão e o silêncio relativamente à sexualidade feminina nas diversas disciplinas, levou a uma maior interesse da minha parte por este tema em específico. O estudo desta área visou preencher esta lacuna, não só como uma forma de dar resposta à minha curiosidade, mas por ser uma referência na minha formação como futura profissional de saúde.
Objectivos: Este artigo teve como objectivo fazer uma revisão geral da literatura sobre disfunções sexuais femininas, da excitação e desejo, abordando modelos de resposta sexual feminina, definições das perturbações do desejo e excitação, epidemiologia e factores etiológicos implicados nessas disfunções sexuais, tendo em conta os novos desenvolvimentos na área.
Desenvolvimento: A sexualidade humana assistiu a grandes transformações nas últimas décadas, especialmente no que diz respeito à mulher, cuja sexualidade tem sofrido adaptações tendo em conta o seu contexto e evolução sócio-cultural. Partiu-se do modelo clássico, linear e sequencial de resposta sexual proposto por Masters e Johnson, até aos mais recentes modelos circulares, onde as fases que integram a resposta sexual feminina se sobrepõem, numa ordem não definida e são amplamente condicionadas por contextos de ordem biológica, psicológica e social. Impõe-se, portanto, a necessidade de observar a resposta sexual feminina por uma nova perspectiva. No entanto, a subjectividade e a dificuldade de mensuração de parâmetros biológicos e psicossomáticos tornam este tema, ainda, bastante controverso e pouco consensual. Apresentam-se as propostas de novos critérios e nomenclaturas de perturbações da excitação e desejo para a V edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders relativamente às disfunções sexuais femininas. Estudos mais fidedignos são necessários, não só para compreender o real impacto da disfunção na população feminina,
mas para distinguir situações transitórias e adaptativas da resposta sexual feminina de verdadeiras disfunções sexuais.
Conclusões: Dada a contextualidade da sexualidade feminina, bem como a ênfase dada a este tema nas últimas décadas, várias são as áreas em reformulações, estudos e debates. São precisos mais estudos com base nas novas conceptualizações de modelos de resposta sexual feminina, que tenham em conta a sua complexidade e dimensão biopsicossocial, condições estas que afectarão abordagens e tratamentos dessas mesmas perturbações sexuais.Introduction: Over Medicine‟s course, omission and silence regarding female sexuality in various disciplines, called particularly my attention to this subject. The purpose of this article was to fulfill this gap, not only as a way of satisfying my curiosity, but also in order to become a reference in my development as a future health professional.
Objectives: The aim of this article is to make a general review of the literature on female sexual dysfunction, with focus on arousal and desire disorders, by addressing models of female sexual response, definitions of desire and arousal disorders, epidemiology and etiological factors implicated in sexual dysfunction, taking into account new developments in the area.
Development: Human sexuality has witnessed great changes in recent decades, especially with regard to women‟s one, whose sexuality has undergone an adaptation process taking into account its context and socio-cultural evolution. It started from the classical, linear and sequential sexual response model proposed by Masters and Johnson, up to the most recent circular model, where the phases that comprise the female sexual response overlap, in an order not defined and that are largely conditioned by biological, psychological and social contexts. Stands, therefore, the need to observe the female sexual response by a new perspective. However, the subjectivity and the difficulty of measuring biological and psychosomatic parameters make this theme still quite controversial and little consensus. Here are presented the proposed new criteria and classifications of arousal and desire‟s disorders for the V edition of the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders regarding to female sexual dysfunctions. More reliable studies are needed not only to understand the real impact of dysfunction in the female population, but to distinguish transitory and adaptive response situations of real female sexual dysfunction.
Conclusions: Given the contextuality of female sexuality and the emphasis given to the subject in recent decades, there are several areas in restatements, studies and debates. Further studies are needed based on new conceptualizations of female sexual response‟s models, which take into account their complexity and biopsychosocial dimension, as these conditions affect the approach and treatment of sexual disorders