As investigações mostram que a aprendizagem da linguagem escrita começa muito
antes do ensino formal e que as práticas e o ambiente de literacia familiar influenciam a literacia
emergente e o desenvolvimento da linguagem escrita. Mas, se estes estudos são desenvolvidos no
Ocidente, em África pouco se tem feito e em Angola não se conhece nenhum estudo. Com base nos
estudos existentes, em diversos contextos culturais, verifica-se que a literacia familiar existe,
podendo as práticas variar no tipo e frequência uma vez que o que se passa num contexto, pode não
ser igual ao que se passa noutra realidade cultural diferente. Neste sentido este trabalho, procura
caraterizar as práticas e o ambiente familiar de literacia em 11 famílias de Benguela com um filho a
frequentar o início da escolaridade. Os dados foram recolhidos através de uma entrevista informal
aos pais. Os resultados mostram que as práticas de literacia familiar são essencialmente práticas
formais, muito ligadas à escola e às tarefas escolares. No mesmo sentido verificámos que a
responsabilidade pela aprendizagem da linguagem escrita é atribuída à escola, e a explicadores.
Apesar de surgirem algumas referências do uso da literacia associado a práticas religiosas, poucas
referências foram feitas a práticas informais ou lúdicas. Foi clara a quase inexistência de materiais
de leitura (jornais, livros, revistas) para além dos escolares. A falta de tempo, a escassez de
bibliotecas públicas e livrarias, a falta dos recursos financeiras para aquisição do material de literacia
e a iliteracia foram apontados como obstáculos para o desenvolvimento de outro tipo de práticasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersio