Uma Abordagem dinâmica do ritmo da fala de três indivíduos portadores de doença de Parkinson

Abstract

Orientadora : Adelaide Hercília P. SilvaDissertação (mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes, Curso de Pós-Graduação em LetrasInclui bibliografia: p.130-138Área de concentração: Estudos LingüísticosResumo: A literatura aponta que uma das principais características da fala de indivíduos portadores de Doença de Parkinson (DP) é o que se denomina fala monótona, a qual representa a diminuição da marcação dos parâmetros prosódicos por esses sujeitos. A partir dessas observações, optou-se por estudar o ritmo da fala desse grupo. Esse trabalho utiliza uma abordagem dinâmica para o tratamento do ritmo da fala, a qual propõe que o mesmo é realizado em dois níveis distintos: o macrorrítmo, que traduz o acento frasal e, o microrrítmo, que marca o acento lexical. Assume-se que a realização do ritmo é feita por dois osciladores acoplados, sendo o controle neuromotor responsável pela sincronia desses dois osciladores. Realizou-se um experimento fonético-acústico no intuito de verificar como indivíduos portadores de DP constróem o ritmo da fala, e confirmar a hipótese que ele é diferente do ritmo da fala de indivíduos não portadores de DP. Para tal, investigou-se a fala, através da tarefa de leitura, de três indivíduos portadores de DP, em três graus diferentes da doença - AQ, grau 1; AD, grau 2 e CM grau 4, comparando-os a um grupo controle composto por dois sujeitos não portadores de DP. As sentenças lidas e gravadas foram analisadas através do programa de análise acústica Praat versão 4.0.41,. Para o mapeamento da curva rítmica utilizou-se o cálculo do z-score estendido de duas unidades de programação rítmicas mínimas (UPRM): a sílaba e o GIPC. A primeira reflete o acento lexical e a segunda, o frasal. Procedeu-se duas formas de análise, uma qualitativa, na qual foram descritas as produções dos sujeitos, e outra, quantitativa, na qual foram avaliadas as evoluções das curvas rítmicas a partir das duas UPRM. Através da análise qualitativa pôde-se reconhecer três tipos principais de ocorrências na fala do grupo de parkinsonianos: introdução de segmentos não esperados; realização de pausas e distorção articulatoria. A análise quantitativa apontou uma freqüente falta de sincronia nos contornos duracionais dos enunciados nesse grupo. A marcação do acento lexical se mantém presente, mesmo que bastante diminuída, mostrando ser mais robusta do que a marcação do acento frasal. Os indivíduos parkinsonianos apresentam uma flutuação na equivalência das curvas do GIPC e da sílaba, fato este não observado no grupo-controle. Para tal, formula-se a hipótese de que a não sincronia das curvas macro e microrrítmicas decorrem da falta de controle neuromotor, traduzindo a falta de sincronia no acoplamento dos osciladores. Assim, as alterações rítmicas presentes na fala de indivíduos parkinsonianos não seriam apenas decorrentes de alterações motoras, mas também teriam um aspecto cognitivo, disparado pela falta de controle neuromotor.Abstract: Literature generally claims that the main speech characteristic of individuals with Parkinon's disease (PD) is to be monotonous. The use of loudness, pitch and duration is impaired, rendering speech prosody abnormal. This observation led us to study in detail the prosodie characteristics of speech of PD patients. We focused specially on the rhythm, based on a dynamical model of speech rhythm production. This model, proposed by Barbosa (1994, 1999, 2002), predicts that rhythm is implemented by a coupled-oscillator system, that is composed by one oscillator responsible for syllable stress and, another one, that is responsible for phrasal stress. The synchronization of these two oscillators is given by neuromotor control. In order to test our hypothesis that the rhythm in the speech of PD patients does not follow the same patterns of the rhythm of people who do not have PD, we carried out an acoustical experiment. Data were collected with the aid of a reading task: subjects were instructed to read sentences and this task was repeated five times. Our subjects were three individuals with PD, in three different degrees of the illness - AQ, degree 1 ; AD, degree 2 and CM degree 4. Their speech was compared with the speech of a control group, containing two subjects without DP. The acoustic analysis of the data was made using Praat software, version 4.0.41. Segments were grouped into two kinds of rhythmic programming units (RPU): syllable and IPGC, and a statistical analysis, consisting on the calculus of z-scores from the mean duration of syllables and IPGCs in four repetitions, was then carried out. Statistical analysis gave us two curves: one relative to syllables, i.e., to a microrythmic level, and another one relative to IPGCs, i.e., to a macrorithmic level. These curves, in general, pointed to no synchrony between the two levels, a fact that is not verified in the speech of the individuals in our control group. We, then, try to explain this finding formulating the hypothesis that the lack of synchrony between the two levels translates the absence of synchronization in the coupling of the two oscillators. Since the coupling is determined by a neuromotor control, the rhythmic alterations in the speech of PD patients must not result only from motor alterations. There must be also a cognitive aspect

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