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Seláceos do Langhiano de Brielas, Bacia do Baixo Tejo, Portugal"

Abstract

Apresentamos os resultados do estudo sobre o material fóssil proveniente de antigas colheitas realizadas na parte inferior da unidade geológica Vc, no afloramento de Brielas, localizado na Costa da Caparica (Península de Setúbal). Esta unidade geológica insere-se no Miocénico Médio da Bacia do Baixo Tejo, onde ocorrem foraminíferos planctónicos cuja associação é característica do Langhiano, biozona N9 (15,1 a 13,82 Ma). A datação 87Sr/86Sr de uma concha de pectinídeo permitiu aproximar a idade dos sedimentos a 14 ± 0,4 Ma (LEGOINHA, 2001; PAIS et al. 2012). Caracterizado por uma grande riqueza de espécimes de tubarões e batóides, referenciada pela primeira vez por ANTUNES & JONET (1970). Uma segunda menção, em micropaleontologia, por LEGOINHA (2001). De momento, este afloramento encontra-se inacessível devido às últimas obras na via rápida da Costa da Caparica. A classificação utilizada tem por base a classificação de Compagno, alterada por CAPPETTA (2012). O material analisado é composto por 329 dentes de tubarão e 150 de batóides, distribuídos por 31 espécies, 29 géneros e 18 famílias (Tabela I). Algumas espécies foram deixadas em nomenclatura aberta, devido à ausência de caracteres necessários a uma classificação mais aprofundada destes fósseis. Verifica-se a ausência de géneros planctónicos que contrasta com a presença marcada de géneros demersais e bentónicos no afloramento de Brielas. As formas encontradas são características de águas pouco profundas, quentes a temperadas (ANTUNES & JONET, 1970; BALBINO, 1995; SCHULTZ et al., 2010; CARLSEN & CUNY, 2014; FROESE & PAULY, 2016). Assim, os resultados deste estudo reforçam a caracterização paleoecológica de LEGOINHA (2001) em como o afloramento de Brielas, para a unidade geológica Vc se trata de um ambiente infralitoral de águas moderadamente quentes, de profundidade crescente em idades mais recentes, com transição para um ambiente circalitoral. A classificação apresentada nesta checklist permite aferir com uma maior precisão as associações de espécies presentes neste local durante o Langhiano, enriquecendo desta forma o conhecimento atual sobre seláceos no registo fóssil português.

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