Trabalho de projecto de mestrado em Medicina (Psicologia Médica), apresentado á Faculdade de Medicina da Universidade de CoimbraIntrodução: A sonolência diurna excessiva (SDE) é uma queixa comum nas populações, com
prevalência estimada entre 6.7-36% na população geral (Roberts et al., 2000; Santibañez,
1994) e entre 22-93.2% nos estudantes de Medicina (Rodrigues et al., 2002; Santibañez,
1994), variabilidade decorrente, possivelmente, das diferenças metodológicas. A sonolência
diurna (SD) tem sido associada a consequências funcionais incluindo lentificação cognitiva e
dificuldades de memória bem como a elevada morbi-mortalidade por acidentes de trabalho e
rodoviários. Nos estudantes de Medicina tem sido associada a piores resultados académicos
(Rodrigues et al., 2002). Também tem sido relacionada à maior probabilidade de cometer
erros médicos (Kramer, 2010). Não temos conhecimento da existência, à data, de trabalhos
publicados acerca da prevalência de SD em estudantes de Medicina portugueses. Objectivos:
Avaliar a prevalência de SD em estudantes de Medicina, determinar o seu impacto no
funcionamento do indivíduo e analisar factores que lhe possam estar associados e que
contribuam para o seu risco. Metodologia: A amostra deste estudo transversal é constituída
por 465 estudantes do 1º e 2º anos do Mestrado Integrado em Medicina da Faculdade de
Medicina de Coimbra, que preencheram voluntariamente questionários que incluíam a Escala
de Sonolência de Epworth e itens relacionados com hábitos do ciclo sono-vigília e impacto
funcional da SD. Resultados: A prevalência de SD nesta amostra é de 31.4% e 69.7% dos
sujeitos relatam restrição de sono. 42.6% sentem que o rendimento é prejudicado pela SD e
31.6% sentem necessidade de dormir sesta durante o dia. Foi encontrada uma associação
estatística significativa negativa entre SD e latência de sono e positiva entre SD e tempo
necessário para levantar depois de acordar, sendo estes os únicos predictores de SD.
Conclusões: Parte significativa da amostra apresenta SDE, pelo que, medidas de
sensibilização junto de professores e alunos devem ser tomadas no sentido de promover a
regularização do ciclo sono-vigília e higiene do sono adequada, com vista à diminuição da SD
e do prejuízo por ela causada nos estudantes.Introduction: Excessive daytime sleepiness (EDS) is a common complaint among the
populations, with estimated prevalence between 6.7-36% in general population (Roberts et al.,
2000; Santibañez, 1994) and 22-93.2% in medical students (Rodrigues et al., 2002;
Santibañez, 1994), variability probably caused by methodological differences. Daytime
sleepiness (DS) has been associated with functional impairment including cognitive slowing
and memory difficulties as well as high morbidity and mortality caused by work and road
accidents. In medical students DS has been associated with lower academic performance
(Rodrigues et al., 2002). It has also been related with higher chance of committing medical
errors (Kramer, 2010). To our knowledge there is no published data about the prevalence of
DS in Portuguese medical students. Objectives: Evaluate the DS prevalence in medical
students, determine its impact on individual functioning and analyze factors that could be
associated with and contribute to DS. Methodology: The sample of this transversal study
comprises 465 first and second year medical students from Coimbra’s Faculty of Medicine,
Portugal. Subjects voluntarily filled in several questionnaires including items covering a wide
range of sleep-wake habits, functional impairment caused by DS and the Epworth Sleepiness
Scale (ESS). Results: The prevalence of DS in our sample is 31.4% and 69.7% of subjects
report sleep restriction. 42.6% report performance impairment caused by DS and needs of
daytime napping are reported by 31.6%. A significant negative association was found
between DS and sleep latency and a positive one between DS and the time needed to get up
after being awake. Sleep latency and time to get up after awake are the only DS predictors in
this sample. Conclusions: Large percentage of our sample has EDS. Education and
information about the importance of good sleep should be provided to professors and students
so that they can promote regular sleep-wake schedules and good sleep hygiene in order to
lower DS prevalence and its negative consequences