As alterações climáticas são um dos principais problemas da atualidade e têm suscitado grande preocupação pelas evidências da sua intensificação. As previsões e cenários para o futuro apontam para alterações significativas dos padrões de temperatura e precipitação em Portugal, aliadas ao aumento da frequência e intensidade de secas e ondas de calor. Estes fenómenos aumentam o risco de incêndios florestais e poderão causar mudanças significativas nos recursos hídricos e no uso dos solos, constituindo um desafio à conservação e gestão das florestas. As florestas são ecossistemas com elevado valor económico, ambiental, patrimonial e cultural, e possuem enorme potencial como mitigadores das alterações climáticas pelos serviços de proteção e regulação que desempenham.
O objetivo desta dissertação consistiu no desenvolvimento e aplicação de uma metodologia de análise multicritério, com recurso a ferramentas SIG, para a definição da aptidão florestal para várias espécies arbóreas autóctones, numa área escolhida do Centro de Portugal Continental, com base em características bioclimáticas, edáficas e morfológicas (declive).
A aptidão foi definida para cinco espécies: Sobreiro (Quercus suber), Carvalho-Alvarinho (Quercus robur), Pinheiro-Manso (Pinus pinea), Pinheiro-Bravo (Pinus pinaster) e Castanheiro (Castanea sativa). A espécie com maior aptidão na área de estudo foi o Pinheiro-Bravo e a espécie com menor aptidão o Sobreiro, que bioclimaticamente não apresentou aptidão para a área de estudo. Segue-se o Pinheiro-Manso, como a segunda espécie com menor aptidão, com cerca de 60% da área considerada inapta para o mesmo. O Carvalho-Alvarinho e o Castanheiro obtiveram valores similares de aptidão, pela semelhança nas suas preferências bioclimáticas. A definição da aptidão florestal poderá auxiliar no planeamento florestal depois dos incêndios