uma perspectiva a partir da arqueologia marítima

Abstract

UID/HIS/04666/2013O presente artigo tem como objectivo analisar o tema do seminário “Meios, vias e trajectos: entrar e sair de Lisboa” sob o ponto de vista da arqueologia marítima. Esta perspectiva obriga a olhar para uma multiplicidade de aspectos que dizem respeito a várias áreas de investigação, desde as condições de navegabilidade do Tejo, a tipologia das embarcações utilizadas na navegação oceânica e fluvial, a defesa marítima ou os sistemas portuários. Importa ainda olhar para as evidências de contactos comerciais por via marítima, directas no caso de naufrágios, e indirectas no caso de materiais exógenos, que surgem em contextos urbanos. O estudo realizado permitiu reconhecer que, apesar das exigências da navegação reconhecidas à entrada do estuário do Tejo, o porto de Lisboa assumiu um importante papel na navegação transoceânica. De facto, alguns contextos de naufrágio documentam esta dimensão ultramarina, como por exemplo a articulação com o Mediterrâneo, o Atlântico ou a ligação à Rota do Cabo. Embora de forma indirecta, a identificação de materiais exógenos em contextos urbanos contribui igualmente para o reconhecimento desta dimensão global da navegação. Paralelamente foi possível reconhecer que os navios que aportavam a Lisboa tinham diversas tonelagens e apresentavam diferentes características, reflexo da adaptação a diferentes contextos de navegação. Refira-se ainda o contributo da arqueologia da frente ribeirinha, onde se reconheceram múltiplas soluções portuárias, desde os simples desembarcadouros na praia até à estruturação do espaço com recurso a cais e rampas. Este artigo corresponde a um primeiro ensaio de síntese sobre o tema, centrando a análise no contributo que o estudo de naufrágios e contextos ribeirinhos tem trazido nas últimas décadas à investigação da Época Moderna. This article analyses the theme of ‘Means, routes and paths: entering and leaving Lisbon’ from the point of view of the maritime archaeology, and including multiple areas of research, from the navigability conditions of the Tagus, to the typology of the vessels used in ocean and river navigation, maritime defense or port systems. We also consider the evidence of commercial contacts by sea, both direct in the case of shipwrecks, and indirect in the case of material culture found in urban excavations. This study concludes that, despite the navigational requirements recognized at the entrance of the Tagus estuary, the port of Lisbon had an important role in transoceanic navigation, as we can see through the study of wrecks. They document this overseas dimension and contacts with the Mediterranean, the Atlantic, or the role in the Cape route. Although indirectly, the identification of urban materials also contributes to the recognition of this global dimension of navigation, whereas ships arriving at Lisbon had different tonnages and features, reflecting the adaptation to different navigational contexts. Also vital is the contribution of the riverfront archaeology, where several port solutions range from simple landings on the beach to the building of wharfs and slipways. This work is a first synthesis on the subject, focusing on the contribution that the studies of shipwrecks and riverside contexts have brought in the last decades to the investigation of the Early Modern Period.publishersversionpublishe

    Similar works