Trabalho com famílias em psiquiatria geriátrica

Abstract

A demência e outros quadros neuropsiquiátricos ligados ao envelhecimento determinam uma carga significativa na sociedade em geral e nas famílias em particular. As apresentações clínicas envolvendo aspectos familiares são múltiplas e ocorrem independentemente do diagnóstico (doença de Alzheimer e outras demências, depressão ou outras doenças mentais do idoso). Daqui decorre uma tendência crescente para trabalhar com famílias no contexto da psiquiatria geriátrica. As questões de casal não motivam frequentemente, por si, o recurso a terapia, mas uma intervenção conjugal pode ser muito útil em qualquer fase do ciclo vital familiar. A efectividade da terapia familiar sistémica não tem sido avaliada tão consistentemente como a psicoeducação familiar. Não obstante, pode constituir um recurso importante quando o foco de intervenção clínica é a dinâmica familiar. Isto, sobretudo, nas famílias em que as circularidades disfuncionais precedem o início da doença num dos seus elementos, não sendo determinadas exclusivamente por ela. Noutras famílias, as abordagens psicoeducativas terão indicação privilegiada (variando os formatos, locais e níveis de intensidade). Contudo, a leitura sistémica dos contextos, com intervenção adequada, não se restringe à terapia familiar clássica nem implica a sua indicação formal: pode inspirar a psicoeducação da família ou abordagens menos estruturadas. As intervenções familiares, qualquer que seja a sua natureza, devem ser precedidas de uma avaliação estruturada mas exequível. A avaliação constitui, intrinsecamente, um início da intervenção, obrigando a uma constante actualização ao longo do processo. As terapias familiares clássicas não têm sido utilizadas, correntemente, em famílias de doentes neuropsiquiátricos idosos. Não obstante, as terapias familiares podem ter indicação em casos específicos e o trabalho genérico com famílias está no âmago da prática da psiquiatria geriátrica.ABSTRACT: Dementia and other late-life conditions in neuropsychiatry impose a heavy burden onsociety as a whole and in families in particular. A number of clinical presentations involvingfamily aspects may be seen in clinical practice in a range of diagnoses (Alzheimer'sdisease, other dementias, depression or any other psychiatric disorder in the elderly).As a consequence, there is a growing trend towards working with families in geriatricpsychiatry. Marital issues are not a frequent target for specific clinical intervention, butcouple therapy may be useful regardless of age.The effectiveness of family systems therapy has not been widely evaluated inpsychogeriatrics, so far. However, it may be a powerful resource when family dynamicsmust be addressed, mostly in families where dysfunctional circularities precede theoutburst of severe clinical problems. More often, family psychoeducation will be the firstindication, in different formats, settings and levels of intensity. However, context readingand systemically-informed work are not restricted to classical family therapy and do notimply it. Is has been suggested that family psychoeducation should sometimes include astronger family systems perspective.Structured and feasible family assessments should always precede interventions. Indeed,they are a first step of the intervention itself, while necessarily reviewed through the course of family work.Ageism perhaps still influences to some extent health professionals' attitudes, includingthe ones of family therapists, leading to the underutilization of family approaches in theelderly. However, working with families remains a core process in geriatric

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