Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa
Abstract
Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências da ComunicaçãoA presente dissertação de mestrado propõe explorar algumas questões relativas ao uso da máscara em protestos sociais na Internet e nas ruas, procurando compreender se pode este objecto “transformar” e garantir o anonimato de quem o enverga e, ao mesmo tempo, ser “rosto” de um corpo de resistência, de um sujeito colectivo. O acto de mascarar constitui, neste estudo, um fenómeno que se aliou ao próprio protesto político, um elemento que esconde e disfarça, preservando o anonimato e que serve, muitas vezes, de símbolo para diversos grupos de intervenção, particularmente, o movimento em estudo, Anonymous. Caracterizado pelo seu carácter activista, aberto e sem qualquer hierarquia, os seus participantes centram-se, pois, no anonimato e na igualdade, quer na Internet, quer nos protestos nas ruas. Ao recorrer ao uso da icónica máscara baseada no rosto de Guy Fawkes, personagem real, a partir de qual Alan Moore e David Loyd criaram o anti-herói da banda-desenhada “V de Vingança” os participantes deram um rosto ao movimento, marcado nomeadamente pela defesa da livre expressão. Assim, tornou-se importante analisar de que forma a Internet, isto é, o espaço virtual, a rede, a comunicação entre indivíduos que é, portanto, mediada pelo computador, possibilita a criação de ambientes onde os indivíduos se sintam parte de uma comunidade onde se partilha uma memória, interesses e objectivos. Para um melhor entendimento da problemática em torno da máscara e do anonimato, pretende-se ainda analisar como é que a Internet se torna um meio propício à adopção de movimentos transgressivos, através, neste caso, do “hacktivismo” e participação na política, tendo como suporte a rede e diversas ferramentas que permitam o anonimato. Pretende-se assim apurar o que é que uniu e em que se fundamentam as ambições dos participantes do grupo, levando a cargo acções de activismo, de resistência, de transgressão e de protesto fora da rede, tendo em conta o uso público do objecto que é a máscara. Perante isto, objectiva-se explorar os processos que levaram à formação de uma identidade colectiva fora da rede, suportada pelo uso da máscara e descobrir de que maneira o encobrimento do rosto e o consequente anonimato pode conferir ao movimento uma identidade, um sentir-comum, uma voz própria, constituindo um “eu” colectivo