Contributos para uma candidatura à Rede Portuguesa de Museus: o caso do Museu Municipal de Almeirim

Abstract

Trabalho de Projecto apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em MuseologiaO reconhecimento histórico de Almeirim e a política vigente durante o período do Estado-Novo constituíram as razões fundamentais para a fundação do Museu Etnográfico da Casa do Povo de Almeirim. A partir da década de oitenta, o Museu permaneceu inactivo, designadamente pela extinção das Casas do Povo e pelo facto de não ter existido uma obrigação legal que remetesse a responsabilidade deste tipo de equipamentos culturais à entidade que veio assegurar as atribuições da antiga tutela, nesta caso à Segurança Social. Neste contexto, o acervo do Museu Etnográfico, cuja propriedade foi transferida em 2004 para a Câmara Municipal de Almeirim, despoletou uma necessidade institucional e da sociedade civil em recuperar o património por ele representado, lançando-se o desafio de concretizar um Museu Municipal, onde parte desse acervo fosse exposto e o restante preservado, segundo os parâmetros actuais da museologia. Analisando efectivamente as razões que levaram à constituição desta nova unidade museológica, estas relacionam-se com as novas práticas surgidas durante do século XX e que vieram dar um novo fôlego ao panorâma museológico, tanto nacional, como internacional. Os museus etnográficos que foram florescendo pelo país, durante o período da ditadura, encontraram nestes novos modelos o cenário ideal para se desenvolverem, pois no sentido em que foram criados, na noção de representatividade local, foram novamente recuperados, sob novas formas. Esta noção de museu do território em Almeirim assumiu a forma de Museu Municipal, que, como atrás se disse, veio a ser veículo de recuperação de uma identidade local/concelhia, um pouco desvanecida até aqui, encontrando principalmente na comunidade o seu princípio e o seu fim. Esta noção de museu activo, que se “alimenta” da comunidade em que se insere, oferece outras potencialidades, nomeadamente ao nível da sua sustentabilidade e da sua gestão. Uma gestão de proximidade, alicerçada na sua entidade de tutela, neste caso autárquica, abre um conjunto de possibilidades de resposta às necessidades museológicas que dificilmente outro modelo proporcionaria. Quando se fala na função social do museu e considerando todo o processo que levou à criação da Rede Portuguesa de Museus, relevando o seu papel certificador das entidades museológicas, equaciona-se a possibilidade de integração do Museu Municipal de Almeirim nesta Rede, por constituir um desafio no domínio do cumprimento do que são os seus objectivos através das funções museológicas preconizadas na Lei-quadro dos Museus Portugueses

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