Estudo do efeito da adição de iões metálicos na corrosão de vidros potássicos

Abstract

Dissertação apresentada para obtenção do Grau de Doutor em Conservação e Restauro, especialidade em Ciências da Conservação, pela Universidade Nova de Lisboa, Faculdade de Ciências e TecnologiaFragmentos de vitrais do séc. XV, provenientes do Mosteiro de Santa Maria da Vitória (Batalha), foram analisados pela primeira vez, de forma sistemática, de forma a obter-se um termo de referência para o estudo da corrosão de vidros potássicos antigos. Pare este estudo recorreu-se às espectroscopias de feixes de iões e de infravermelhos, tendo-se determinado que os vidros de base são formados por misturas de óxidos de Si, K, Ca, e de óxidos de Mn, Fe e Cu, usados como corantes, em composições que estão de acordo com o receituário da época. As grisalhas revelaram-se misturas de óxidos de Si e Pb, com elevadas concentrações de Fe e Cu, e também de Zn, cuja presença é notável uma vez que não se encontra habitualmente associado com aqueles metais. A camada de corrosão mostrou-se formada por carbonatos e oxalatos de Ca. Estabelecida a composição de referência, pretendeu-se estudar neste trabalho o efeito da introdução de elementos de coloração na deterioração de vidro potássico em presença de água, para compreender os mecanismos de corrosão dos vitrais medievais,essencial a um trabalho de conservação adequado. Assim, produziram-se vidros modelo com composições SiO2−CaO−K2O semelhantes às encontradas nos vitrais do Mosteiro da Batalha, a que foram adicionados óxidos de Cu, Fe ou Mn, isoladamente ou em combinação. Estes vidros foram sujeitos a ensaios de imersão em água de forma a simular ambientes de elevada humidade. A corrosão e a sua progressão foram caracterizadas por técnicas espectroscópicas de feixes de iões e de infravermelhos com transformada de Fourier, e por microscopia óptica, em combinação com a avaliação das alterações da solução aquosa, em particular o seu pH. As condições de testes exploradas, com e sem agitação do meio, conduziram a diferentes morfologias de superfície associadas com as diferentes taxas da corrosão. Mostra-se que se formam camadas superficiais de carbonato de Ca, e uma camada rica em Si nos períodos mais longos da imersão. Para além destas, encontram-se camadas enriquecidas nos elementos da transição, e uma corrosão inicial mais rápida nos vidros dopados com Cu. Este trabalho mostra que as condições experimentais escolhidas reproduzem bem a forma de corrosão encontrada nos vidros antigos de composição similar e sujeitos às condições atmosféricas ao longo de cinco séculos, e que o pH pode ser um bom parâmetro para estudar as cinéticas da corrosão em condições de humidade elevada

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