Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa
Abstract
Revista da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, N.1(1980)Tenho que toda a leitura é provisória. Provisória e
incompleta.
E que revela sempre muito mais sobre a pessoa do
que lê do que sobre a obra lida.
Encontramos, geralmente e apenas, aquilo que nos propomos
encontrar. Nem de outro modo se justificaria a busca.
Ou, pelo menos, tornávamo-la, à partida, absurda e irracional.
Quanto ao Autor que nos fornece o texto (guardo-me de
dizer que é o seu produtor, como é no sentido mais inocente
que utilizo a própria palavra texto), desprezado como andou
durante os últimos vinte anos da crítica literária, encasulado
em pressupostos metodológicos que o dispensavam, por reacção
ou por receio de se tombar nas armadilhas do chamado
«subjectivísmo», «impressionismo», «biografismo», pressupostos
convertidos lastimosamente em arrogantes preconceitos,
parece ter começado a recuperar o lugar que por justiça lhe
pertence, e vai emergindo, aqui e ali, nas vozes mais lúcidas
e corajosas, como o ponto sugestivo e realmente perturbador
do nosso olhar