Prevention of intubation associated pneumonia : elaboration and validation of clinical practice guideline

Abstract

As infeções associadas aos cuidados de saúde (IACS) representam uma das principais complicações decorrentes da hospitalização. A pneumonia associada à intubação (PAI) constitui a IACS com maior taxa de incidência em unidades de cuidados intensivos (UCIs) e está associada a um aumento de resistências aos antimicrobianos e a um aumento em dias de ventilação invasiva, dias de internamento e da taxa de mortalidade, importantes indicadores de qualidade em saúde, bem como a um custo adicional estimado de 10,000 dólares americanos por episódio. A elevada taxa de incidência desta infeção, associada à necessidade detetada da realização de estudos nesta área em Portugal motivou a realização deste estudo, com o objetivo de melhorar indicadores de saúde na área da PAI através da elaboração por adaptação e implementação de uma Norma de Orientação Clínica (NOC). Utilizando a metodologia ADAPTE para elaboração de NOCs, cumprimos a seguinte sequência de etapas: Configuração (foi definida a área de estudo, objetivos e questões de pesquisa); Adaptação (pesquisa de NOCs e outros documentos relevantes, seleção e avaliação da qualidade, atualidade, aplicabilidade, aceitação e elaboração das recomendações); Finalização (redação do documento final, aplicação da NOC localmente e obtenção de dados estatísticos de acordo com indicadores em saúde definidos e feedback por parte dos seus utilizadores acerca do seu conteúdo, os seus contributos e resultado final) e Avaliação (avaliação do impacto da NOC em termos de indicadores de processo e resultado). Incluímos na NOC um conjunto de oito recomendações que implementamos em três UCIs de um hospital central na zona Norte do país. Foram, então, comparados três grupos: o grupo intervenção (entre julho e dezembro de 2016), o grupo pré intervenção (entre outubro de 2015 e março de 2016) e o grupo pós intervenção (entre janeiro e março de 2017), no qual foram suspensas todas as estratégias de incentivo à adesão. A amostra foi constituída por 1970 doentes. Identificamos uma redução da incidência de PAI entre o grupo pré e o grupo intervenção significativa em duas das UCIs, (p=0.020 e p=0.001), bem como um aumento significativo na adesão nas mesmas UCIs e uma redução de tempo de ventilação invasiva, tempo de internamento em UCI e taxa de mortalidade nas três UCIs. Verificamos existir uma associação entre PAI e género masculino, idade inferior, tipo de admissão médica ou trauma, SAPSII inferior e aumento de dias de internamento e construímos um modelo preditivo de PAI. A adesão às recomendações foi elevada, com uma evolução positiva ao longo do tempo do estudo em quase todas as recomendações, o que sugere que a utilização de uma metodologia multimodal de disseminação e implementação da NOC foi eficaz. Através da avaliação da adesão por um período de follow up de 3 meses após o período intervenção, não observamos alterações significativas na adesão à NOC, contudo constatamos um aumento na taxa de incidência de PAI, número de dias de ventilação invasiva e número de dias de internamento em UCI. Encontramos a existência de uma associação entre algumas recomendações e a implementação do conjunto de recomendações e a incidência dos indicadores tempo de internamento em UCI, tempo de ventilação invasiva e mortalidade. A evidência que suporta algumas das recomendações incluídas na NOC é moderada, sendo que escasseiam estudos experimentais que avaliem o impacto da implementação de cada recomendação isolada. Ao fornecer dados da relação entre a adesão a cada recomendação e vários indicadores de saúde, este estudo constitui um contributo para obter uma melhor compreensão acerca da eficácia das intervenções estudadas na prevenção da PAI. Como limitações deste estudo identificamos o risco de viés associado ao diagnóstico de PAI e ao método de consulta de registos utilizado para avaliar a adesão a algumas recomendações da NOC, bem como a limitação de tempo inerente a um estudo académico para avaliar o impacto da implementação da NOC em termos de adesão e indicadores em saúde a longo prazo. Através da elaboração deste estudo que não só contemplou o impacto de uma NOC na taxa de incidência da PAI como também no tempo de ventilação invasiva, tempo de internamento em UCI e taxa de mortalidade efetivamos a resposta a uma necessidade real a nível da gestão em saúde- a melhoria da qualidade da prestação de cuidados.Health care associated infections (HCAI) represent one of the main complications of hospitalization. Intubation associated pneumonia (IAP) is the HCAI with the higher incidence rate in intensive care units (ICUs) and is associated with an increase in antimicrobial resistance and days of invasive ventilation, length of stay (LOS), important health systems quality outcomes, as well as an estimated additional cost of $10,000 USD per episode. The high incidence rate of this infection, coupled with the need for studies in this field in Portugal, motivated this study. Our aim is to improve IAP outcomes through guideline adaptation and implementation. Using the ADAPTE methodology, we performed the following sequence of steps: Configuration (definition of the study area, objectives and research questions), Adaptation (search for guidelines and other relevant documents, quality selection and assessment of currency, acceptability and applicability and elaboration of recommendations); Finalization (production of the final document, implementation and statistical data collection in terms of health outcomes and feedback by users about its content, its contributions and final result) and Evaluation (guideline assessment in terms of process and outcomes). We included in the guideline a set of eight recommendations that we implemented in three ICUs of a central hospital in the North of Portugal. Three groups were then compared: the intervention group (occurred between July and December 2016), the pre intervention group (between October 2015 and March 2016) and the post intervention group (from January to March 2017, in which all the strategies to encourage compliance were suspended). The sample consisted of 1970 patients. We identified a significant reduction in the incidence of IAP (p = 0.020 and p = 0.001) and a significant increase in guideline compliance in two of the ICUs and a reduction in invasive ventilation time, ICU LOS and mortality rate, considering the group that acquired and the group who did not acquire IAP in the three ICUs. We found an association between IAP and male gender, lower age, medical or trauma admission, lower SAPSII and an increase in ICU LOS and created an IAP prediction model. Compliance to the recommendations was high, with a positive evolution during the study implementation in almost all recommendations, suggesting that the use of a multimodal methodology for dissemination and implementation of the guideline was effective. We did not find significant changes in compliance in the 3-month follow-up period, however we found an increase in the incidence rate of IAP, duration of invasive ventilation and ICU LOS. We found an association between some recommendations and the implementation of the set of recommendations and ICU LOS, duration of invasive ventilation and mortality. The evidence supporting some of the recommendations included in the guideline is moderate, and there is a shortage of experimental studies that assess the impact of implementing each individual recommendation. By providing data concerning compliance to each recommendation and outcomes, this study contributes to a better understanding of the effectiveness of the interventions. As limitations of this study, we identified the risk of bias associated with the subjectivity in IAP diagnosis and the methodology used to evaluate compliance in some recommendations as well as time constrains to evaluate the impact of guideline implementation in terms of compliance and outcomes. Through the elaboration of this study we studied the impact of a guideline on IAP incidence as well as other important health outcomes, which focus benchmarking on patients and not statistics

    Similar works