O ensaio na crítica literária brasileira contemporânea

Abstract

Esta tese pretende compreender os motivos que fazem do ensaio a forma de escrita mais frequente na crítica literária brasileira do século XXI, num momento em que a crítica realiza uma revisão de sua atuação. Com esse intuito, os conceitos de dispositivo e contradispositivo, de Michel Foucault, tornam-se ponto de partida para a reflexão, o que permite reconhecer no ensaio a possibilidade de novos caminhos para a racionalidade no mundo contemporâneo, junto à literatura. O estudo acompanha o percurso do ensaio, que se desenvolve lado a lado com o processo de formação do pensamento crítico desde Michel de Montaigne, passando pela forte tradição crítica do Romantismo alemão, resgatada por Georg Lukács e Walter Benjamin, até encontrar, a partir da segunda metade do século XX, em Theodor Adorno e Roland Barthes desdobramentos ainda mais complexos para o ensaio crítico-filosófico. A partir dessas premissas, o trabalho de análise vai ao encontro de autores que exploram as possibilidades do ensaio em suas obras, tornando indissociáveis, em muitos momentos, texto literário e texto de crítica. As reflexões se voltam para os estudos teóricos e críticos de literatura, com destaque para os textos de Antonio Candido, Roberto Schwarz, Silviano Santiago, João Cezar de Castro Rocha, Alberto Pucheu e Nuno Ramos, com o objetivo de trazer à tona as contribuições do ensaio para os estudos literários no Brasil. Sobretudo no que se refere à inserção dos recursos estéticos da linguagem aos procedimentos de análise crítica, chegando a aproximar os extremos da constante flutuação entre a ordem objetiva e a ordem subjetiva da escrita literária, realçando a presença autoral e o posicionamento ético diante dos temas sobre os quais os autores arrolados nesta tese se propõem a pensar

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