A aprendizagem dos estudantes do Ensino Superior tem sido alvo de diversos estudos, quer sob diferentes perspetivas teóricas, quer incidindo sobre constructos diversos como os estilos de aprendizagem, abordagens à aprendizagem, orientações motivacionais e estratégias de aprendizagem.
Este trabalho visa analisar o impacto da utilização de mapas de conceitos, enquanto estratégia de aprendizagem para estudar. Tendo em conta que as estratégias de aprendizagem superficiais predominam nos anos iniciais do Ensino Superior, e que envolvem a intenção de completar tarefas com um
nível reduzido de envolvimento e uma perceção de que as tarefas propostas são uma imposição, pretende-se perceber se a introdução desta estratégia de aprendizagem produz efeitos na aprendizagem e motivação de alunos do Curso de Licenciatura em Terapia Ocupacional

Peixoto, Francisco

Pestana, Susana

Rosado Pinto, Patrícia

Portuguese

Repositório Digital IPBeja

2º Encontro Nacional de Jovens Investigadores em EducaçãoUniversidade do Minho2 e 3 de junho de 2017A aprendizagem signif icativa no ensino superior:  A uti l ização de mapas de conceitos no curso de terapia ocupacionalSusana PestanaFrancisco PeixotoPatrícia Rosado PintoApresentação1. Introdução2. Contextualização Teórica3. Principais questões de investigação/Objetivos4. Metodologia5. Caracterização da amostra6. Análise dos resultados7. Interpretação dos Resultados8. Trabalho a desenvolverIntrodução Nos anos iniciais do Ensino Superior os alunos utilizam preferencialmente a memorizaçãocomo forma dominante da aprendizagem (Rosário, Almeida, Guimarães, Faria, Prata & Núñez,2001) quando a base deveria ser a compreensão do significado dos conceitos, i.e. aaprendizagem significativa (Novak & Gowin, 1996). Os mapas de conceitos podem ser uma estratégia de aprendizagem a ser utilizada pelosalunos e são um recurso esquemático que pode promover a aprendizagem significativa(Ausubel, 1968).IntroduçãoAtravés deste estudo pretendemos perceber se a introdução de estratégias de aprendizagem,utilizando mapas de conceitos na Unidade Curricular “Teorias e Fundamentos da TerapiaOcupacional” do Curso de Licenciatura em Terapia Ocupacional, produz mudanças no nível deaprendizagem e motivação dos alunos e nas abordagens de estudo utilizadas.Contextualização Teórica• A memorização tem sido um dos estilos de aprendizagem dos alunos (talvez porque asavaliações das aprendizagens os orientem nesse sentido), quando a base deveria ser acompreensão e relação entre os conceitos (Novak & Gowin, 1996).• Um dos principais objetivos da aprendizagem é de que deve ser útil no futuro (Bruner, 1999) etendo em conta o contexto educacional, o Professor deverá promover uma aprendizagem peladescoberta através de atividades exploratórias, tornando os alunos mais autónomos no ato depensar (Bruner, 1961).Contextualização Teórica• Os mapas de conceitos representam uma estratégia de aprendizagem que promove aaprendizagem significativa, sendo efetiva para o desenvolvimento da estrutura doconhecimento e a sua generalização (Nesbit & Adesope, 2006; Piá, Blasco-Tamarit & Muñoz-Portero, 2011; Heidt, 2014).Principais questões de investigaçãoAs principais questões de investigação traduzem-se em:1) A estratégia de aprendizagem “Mapas de Conceitos” introduz diferenças na aprendizagem dos alunos que estãoinscritos na Unidade Curricular “Teorias e Fundamentos da Terapia Ocupacional” do Curso de Licenciatura emTerapia Ocupacional?2) Há uma maior motivação intrínseca dos alunos que utilizaram “Mapas de Conceitos” no processo de aprendizagemrelativamente aos que não utilizaram esta estratégia de aprendizagem?3) A aquisição de conhecimento com base na utilização de “Mapas de Conceitos” irá traduzir-se em diferenças nasabordagens ao estudo relativamente à aprendizagem realizada sem a utilização desta estratégia de aprendizagem?4) A aquisição de conhecimento com base na utilização de “Mapas de Conceitos” irá traduzir-se em diferenças nascompetências em estudo relativamente à aprendizagem realizada sem a utilização desta estratégia deaprendizagem?ObjetivosNo que respeita aos objetivos deste trabalho, pretendemos perceber se a introdução deestratégias de aprendizagem, utilizando mapas de conceitos, produz mudanças:1. No nível de aprendizagem dos alunos2. Nos níveis de motivação intrínseca dos alunos3. Nas abordagens de aprendizagem utilizadas (profundas vs superficiais vs estratégicas)4. Nas competências em estudo utilizadas (autorregulação de comportamentos,autorregulação cognitivo-motivacional, autorregulação no esclarecimento de dúvidas eautorregulação na confrontação com os pares)MetodologiaEstudo de abordagem mista1. Abordagem quantitativa – assenta num delineamento quase-experimental.2. Abordagem qualitativa – envolve a realização de entrevistas aos alunos que fazem parte dogrupo experimental, procurando aprofundar os aspetos motivacionais e cognitivosassociados à utilização dos mapas de conceitos.MetodologiaANO LETIVO 2014/2015GRUPO DE CONTROLOALUNOS INSCRITOS NA UC “TFTO”Processo de ensino através:• aulas teóricas baseadas numa abordagemexpositiva, com recurso a powerpoints;• aulas teórico-práticas com realização deexercícios para aplicação dos conceitos esistematização dos conteúdos, com base emfichas de trabalho e trabalhos para casa.ANO LETIVO 2015/2016GRUPO EXPERIMENTALALUNOS INSCRITOS NA UC “TFTO”Processo de ensino através:• aulas teóricas baseadas numa abordagemexpositiva, com recurso a powerpoints;• aulas teórico-práticas com realização deexercícios para aplicação dos conceitos esistematização dos conteúdos, com base emfichas de trabalho e trabalhos para casa;• utilização de mapas de conceitos.MetodologiaAbordagem quantitativa Inventário de Motivação Intrínseca (IMI) (Mata, Monteiro & Peixoto, 2015)Validação do IMI a uma amostra de 134 alunos de Cursos de Terapia Ocupacional Short Version of the Approaches and Study Skills Inventory for Students (ASSIST) (Entwistle,McCune & Tait, 2013)Validação do ASSIST a uma amostra de 186 alunos de Cursos de Terapia OcupacionalMetodologia Escala de Competência em Estudo para as Ciências Sociais e Humanidades – ECE (S&H)(Almeida & Joly, em desenvolvimento) e a Escala de Competência em Estudo para as Ciências eTecnologias – ECE (C&T) (Almeida & Joly, 2012) Reorganização para uma única Escala de Competência em Estudo, incluindo uma seleção de itens quefazem parte de ambasValidação da ECE a uma amostra de 185 alunos de Cursos de Terapia OcupacionalMetodologiaANO LETIVO 2014/2015GRUPO DE CONTROLOALUNOS INSCRITOS NA UC “TFTO”- Aplicação das Matrizes Progressivas de Raven- Aplicação do IMI durante 3 momentos (início,durante e final da UC)- Aplicação do ASSIST no final da UC- Aplicação da ECE no final da UC- Nível de conhecimentos alcançadosANO LETIVO 2015/2016GRUPO EXPERIMENTALALUNOS INSCRITOS NA UC “TFTO”- Aplicação das Matrizes Progressivas de Raven- Aplicação do IMI durante 3 momentos (início,durante e final da UC)- Aplicação do ASSIST no final da UC- Aplicação da ECE no final da UC- Breve questionário acerca da utilização dosmapas de conceitos- Nível de conhecimentos alcançadosMetodologiaAbordagem qualitativa Foi elaborado um guião de 13 questões por um grupo de peritos na área Avaliaram diversos aspetos do processo como as expetativas relativamente aos mapas deconceitos, a avaliação do processo e das estratégias utilizadas na construção, as dificuldadessentidas e o impacto que teve na aprendizagem. Entrevistas realizadas a 13 alunos, tendo em conta que dos 23 alunos que constituiu o grupoexperimental, foram os que tiveram aproveitamento para realizar a segunda avaliação da UC.MetodologiaAbordagem qualitativa O papel de entrevistador não foi assumido pela principal investigadora deste estudo. Asentrevistas foram realizadas em contexto individual por uma docente que também leciona amesma Unidade Curricular em codocência com a investigadora, mas que não utilizou os mapasde conceitos como estratégia de aprendizagem nas suas aulas. Esta foi uma opção metodológica facilitadora da distanciação relativa à dualidade de papéisassumidos, nomeadamente o de investigadora e o de docente.MetodologiaDo ponto de vista da organização, foram seguidas as diferentes fases de análise de conteúdo sugeridas por Bardin (2014):A. Pré-análise1.Leitura dos documentos (leitura "flutuante");2. Definição dos objetivos;3. Codificação (análise quantitativa e categorial): definição das regras de recorte (escolha das unidades deregisto), enumeração (escolha das regras de contagem) e categorização (escolha, classificação e agregação dascategorias).B. Exploração do materialC. Tratamento dos resultados obtidos e interpretaçãoMetodologiaCoeficiente Kappa (Cohen, 1960)• Recurso a 4 juízes para analisar o grau de acordo e a fiabilidade da classificação.• Calculado para todas as respostas relativas a 12 questões (guião era constituído por 13questões) e 13 entrevistados.• K=.83• Segundo Fleiss (1981), este valor encontra-se ao nível da classificação de excelente (valores >.75).Caracterização da amostra (13 alunos)Género12 alunos – Feminino1 aluno – MasculinoRegime de Ingresso10 alunos – Concurso Nacional de Acesso2 alunos – PALOP1 aluno – Titular de DETMédia de idades19,07Ordem de Ingresso6 alunos – 1ª opção1 aluno – 2ª opção2 alunos – 3ª opção3 alunos – 4ª opção1 aluno – 5ª opçãoAnálise dos ResultadosConhecimento/utilização anterior dos mapas de conceitosExpetativas em relação a esta estratégia de aprendizagem e confirmação/infirmação das expetativasAnálise dos ResultadosAvaliação dos mapas de conceitos enquanto suporte para a aprendizagemUtilização dos mapas de conceitos como complemento ao estudo e forma como foram utilizadosAnálise dos ResultadosUtilidade e "novidade" dos mapas de conceitos enquanto "ferramenta" de aprendizagemAnálise dos ResultadosGrau de dificuldade na construção dos mapas de conceitos Identificação da maior dificuldadeAnálise dos ResultadosCompreensão da matéria através dos mapas de conceitos e justificação da maior ou menor compreensãoExperiência vivenciada na construção dos mapas de conceitos com os colegas do grupoAnálise dos ResultadosOpção pela construção individual dos mapas de conceitos e justificação para talAvaliação do suporte fornecido pela Professora na construção dos mapas de conceitosAnálise dos ResultadosUtilização da estratégia de aprendizagem em outras UC e justificação para talAnálise dos ResultadosVantagens e aspetos positivos na construção dos mapas de conceitos e justificação para talDesvantagens e aspetos negativos na construção dos mapas de conceitos e justificação para talInterpretação dos ResultadosAlgumas conclusões (necessidade de associar os resultados a outros estudos descritos na literatura) Estudantes têm diferentes estilos de aprendizagem (alguns alunos precisam de mais estratégias decomplemento ao estudo) – maioria valoriza os mapas de conceitos mas complementam esta estratégia deaprendizagem a outras estratégias. Estudantes são ainda pouco autónomos no desenvolvimento de novas tarefas e precisam de validação daProfessora para se sentirem mais seguros (relembramos que se trata de uma UC do 1ºA) – maioria preferetrabalho de grupo e os mapas da Professora.Interpretação dos ResultadosAlgumas conclusões (necessidade de associar os resultados a outros estudos descritos na literatura) Alunos pouco habituados a práticas de trabalho de casa e dificuldade em termos de competências deorganização e gestão de tempo (já que têm outras UC durante o semestre) – referem tempo elevado naconstrução e obrigatoriedade na realização. Provável dificuldade na utilização da língua portuguesa – maior dificuldade foi o conseguir encontrarpalavras de ligaçãoInterpretação dos ResultadosAlgumas conclusões (necessidade de associar os resultados a outros estudos descritos na literatura) Alunos têm diferentes estilos de aprendizagem e têm poucos hábitos de trabalho – alguns não vãoutilizar ou estão indecisos na sua aplicabilidade a outras UC – não compensa pelo tempo elevado derealização, opção por outras estratégias de aprendizagem e inadequação a matérias mais teóricas eabstratas. Dificuldade dos alunos em concetualizar (pensamos que chegam ao ensino superior com dificuldadesnessa área) pode ter interferido nos resultados esperados – UC demasiado abstrata e teórica para alunosdo 1ºA.Interpretação dos ResultadosAlgumas conclusões (necessidade de associar os resultados a outros estudos descritos na literatura) Alunos estão pouco motivados para a aprendizagem de conteúdos abstratos e demasiado teóricos –maior parte dos alunos não entrou no Curso de Licenciatura em Terapia Ocupacional como primeira opção,através do Concurso Nacional de Acesso.Trabalho a desenvolverForam utilizados os mapas de conceitos numa UC do 2ºA/2ºS (Metodologias de Avaliação emadultos no contexto da Psiquiatria e Saúde Mental), no ano letivo 2016/2017, com quase todosalunos que constituíram o grupo experimental deste estudo:- Aplicação do IMI durante 2 momentos (início e final da UC)- Aplicação do ASSIST no final da UC- Aplicação da ECE no final da UC- Breve questionário acerca da utilização dos mapas de conceitosOs resultados serão analisados pelo software de análise estatística de dados (SPSS).Trabalho a desenvolver Serão realizadas entrevistas a todos os alunos (17 alunos) que utilizaram os mapas deconceitos e serão utilizados os mesmos procedimentos referidos anteriormente, de forma apodermos verificar se existem diferenças significativas na qualidade das respostas. As entrevistas serão realizadas pela mesma docente do ano letivo anterior, de forma a garantiras medidas de distanciação necessárias.

A aprendizagem significativa no ensino superior: a utilização de mapas de conceitos no curso de terapia ocupacional

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