Resposta Precoce ao Tratamento como Fator de Prognóstico para os Resultados de Sucesso da Fisioterapia Multimodal em Utentes com Lombalgia Crónica

Abstract

Relatório do Projeto de Investigação apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Fisioterapia, área de especialização em Fisioterapia em Condições Músculo-EsqueléticasIntrodução: Evidência preliminar aponta para a potencial relevância da resposta precoce ao tratamento como possível fator preditor para os resultados obtidos com a Fisioterapia, uma vez que o sucesso/insucesso obtido nos resultados parece ser diferente nos utentes que apresentam uma melhoria clínica precoce, relativamente àqueles que apresentam uma melhoria mais lenta. Objetivo: Investigar se a resposta precoce ao tratamento – definida como uma mudança clinicamente relevante na intensidade da dor e incapacidade funcional que ocorre nas primeiras 2 semanas é um fator de prognóstico para a obtenção de resultados de sucesso a curto e médio prazo com a intervenção multimodal em Fisioterapia. Metodologia: Trata-se de um estudo de coorte prospetivo com 150 participantes a iniciar tratamento de Fisioterapia, avaliados antes da intervenção (baseline), após 2 semanas, após 8 semanas ou à data de alta por melhoria clínica se anterior a este período e 3 meses após o início da intervenção. Os instrumentos utilizados foram o Questionário de Caracterização Sociodemográfica e Clínica, a Escola Numérica da Dor (END), a Quebec Back Pain Disability Scale – Versão Portuguesa (QBPDS-PT) e a Global Back Recovery Scale – Versão Portuguesa (GBRS-PT). Os critérios para definir a nova variável, bem como os resultados de sucesso foram feitos com base na Diferença Mínima Clinicamente Importante (DMCI) de cada instrumento – END (DMCI ³ 30% às 2 semanas e ³ 50% após o final da intervenção e no follow-up aos 3 meses); QBPDS-PT (DMCI ³ 30%) e QBRS-PT (DMCI ³ 3 pontos). A análise dos dados foi realizada através do método de regressão logística binária (Método: Enter). Resultados: Dos 150 participantes, 136 completaram o período de intervenção e 117 o follow-up 3 meses após o início da intervenção. Verificou-se que os participantes que atingem uma redução de ³ 30% na END às 2 semanas têm 4,77 (95% IC 2,14-10,6; p<0.05) vezes mais de probabilidade de alcançar uma redução de ³ 50% na END após o final da intervenção e 5,41 (95% IC 2,25-12,98; p<0.05) vezes mais de probabilidade de conseguir uma manutenção de ³ 50% na END no follow-up aos 3 meses, comparativamente aos que não atingem o critério de sucesso para a intensidade da dor às 2 semanas. Os participantes que atingem uma redução de ³ 30% na QBPDS-PT às 2 semanas têm 15,27 (95% IC 4,74-49,24; p<0.05) vezes mais de probabilidade conseguir uma redução de ³ 30% na QBPDS-PT no final da intervenção e 5,06 (95% IC 1,78-14,4; p<0.05) vezes mais de conseguir uma melhoria de ³ 3 pontos na GBRS-PT, relativamente aos que não atingem o critério de sucesso para a incapacidade funcional às 2 semanas. Conclusão: Os resultados parecem confirmar, por um lado, a heterogeneidade da lombalgia crónica e, por outro lado, a existência de fatores de prognóstico externos ao indivíduo, como fatores preditores para a obtenção de uma resposta de sucesso ao tratamento multimodal da Fisioterapia. Concretamente, parece existir uma relação de associação entre a resposta precoce ao tratamento (primeiras 2 semanas) e a probabilidade de obtenção de melhoria clínica a curto (até 8 semanas) e médio prazo (3 meses).Introduction: Preliminary evidence points to a potential relevance of the early treatment response as a possible predicting factor for the results achieved with physiotherapy, since the success rates obtained appear to be different between the patients that have a early clinical improvement compared to the patients that have a slower improvement. Aim: Investigate if a early treatment response – defined as a clinically relevant change in pain intensity and functional disability that occurs in the first 2 weeks can be considered a prognosis factor for the successful outcomes in chronic low back pain undergoing multimodal physiotherapy. Methodology: Prospective cohort study including 150 participants that started physiotherapy treatment and were assessed before the intervention (baseline); at 2 weeks; 8 weeks or less if discharged before; and at 3 months after the start of the intervention. The measurement instruments used were the Sociodemographic and Clinical Characterization Questionnaire; Numeric Rating Pain Scale (END); Quebec Back Pain Disability Scale – Portuguese Version (QBPDS-PT); and Global Back Recovery Scale – Portuguese Version (GBRS-PT). The criteria to define a new variable, as well as the success results were obtained using the Minimal Clinically Significant Difference (DMCI) for each of the used instruments – END (DMCI ³ 30% at 2 weeks and ³ 50% at the end of intervention and 3 months follow-up); QBPDS-PT (DMCI ³ 30%) and QBRS-PT (DMCI ³ 3 points). The results were analyzed using a binary logistic regression method (Method: Enter). Results: Out of the 150 participants, 136 completed the intervention period and 117 participants completed the 3 months follow-up. It was observed that participants with a ³30% reduction on END at 2 weeks had a 4,77 (95% IC 2,14-10,6; p<0.05) times higher probability of achieving a ³50% END reduction after the end of intervention and a 5,41 (95% IC 2,25-12,98; p<0.05) times higher probability of maintaining the ³50% END reduction at the 3 months follow-up, comparatively to the participants that did not achieved the pain intensity criteria at 2 weeks. The participants that attained a ³ 30% reduction on QBPDS-PT at 2 weeks had a 15,27 (95% IC 4,74-49,24; p<0.05) times higher probability of achieving a ³ 30% reduction on QBPDS-PT at the end of intervention and a 5,06 (95% IC 1,78-14,4; p<0.05) times higher probability of achieving a ³ 3 points improvement on GBRS-PT, relatively to the participants that did not achieved the success criteria for functional disability at 2 weeks. Conclusions: The results tend to confirm, on one hand, the heterogeneity of chronic low back pain and on the other, the existence of external prognosis factors for each individual as prediction factors for the achievement of a success response in a multimodal physiotherapy treatment. It appears to exist an association relationship between the early response to the treatment (at 2 weeks) and the probability of obtaining a clinical improvement at a short term (8 weeks) and medium term (3 months)

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