A tensão entre dois tempos distintos como o passado e o futuro é
algo complicado de entender e percecionar. Esse tempo intermédio
que chamamos de presente é efémero e muito acelerado. Quando
damos por nós a pensar no que se passa no momento, já este é
passado e o tempo em que vivemos faz já parte do futuro. Com isto,
em que momento este futuro e passado podem viver em sintonia,
numa simbiose de tempos que faz esta tensão entre ambos ser
equilibrada?
É necessário entender que influência tem um no outro. Claramente,
o passado tem uma grande influência no futuro e, no caso da
arquitetura e na sua evolução ao longo dos anos, o passado está
sempre presente, podendo dizer-se que este está na base do futuro.
"A Tradição é um desafio à inovação".1
No caso concreto da Casa, como dispositivo do dia a dia do ser
humano, a sua mudança é inevitável, acompanhando os novos
hábitos que criamos. É, deste modo, necessário entender o que vai
ser este futuro, próximo ou não, e que alterações tem de sofrer a
casa, na sua disposição e composição entre espaços interiores e
exteriores, e de que forma, mesmo tendo por base uma estrutura
antiga, podemos chamá-la Casa do Futuro.
Assim, e pegando no caso concreto de uma casa de família,
pretende-se abordá-la e conseguir chegar a esse limite entre os
dois tempos, para que ambos vivam em harmonia e se adaptem às
necessidades pretendidas, passando, primeiramente, por uma fase
de caraterização da casa e, posteriormente, a um projeto concreto
de intervenção.
Mas como nos podemos agarrar a essa estrutura antiga da Casa e
transpô-la para o futuro? O que é uma Casa do Futuro?
Este pensamento traz outras questões essenciais que são: Quem
habita a casa? Qual o modo de vida de quem a habita? E que casa
é essa na qual queremos intervir?
Perceber um modo de intervenção invoca a importância que o tempo
tem e o que está entre o que permanece e o que se transforma,
uma nova dimensão entre as Coisas e as Pessoas. Cria-se, assim,
uma tensão, um jogo de contrários, de opostos e roturas, em que é
necessário encontrar no que está, o que precisa de ser feito.
É preciso 'tratar com respeito, mas sem receio'.
Para além disto, a influência dos arquitetos Alison e Peter Smithson
é preponderante para o desenvolvimento do projeto, já que refletem
sobre este assunto no Movimento Moderno, através do seu projeto
Casa do Futuro.The tension between two different times such as the past and the
future is rather complicated to realize and to perceive. That split
time, which we call the present is ephemeral and very fast. Moreover,
before we know it, the present is a fleeting moment, it is in the past
already and the time we live in is within the future. Herewith, how
can this future and this past be tuned, in a symbiosis of times that
balances this tension?
It is necessary to grasp how they influence each other. Clearly, the
past has a great influence in the future; regarding architecture and
how it has evolved throughout the years, the past is always present,
and it is true to say that this is a basis for the future.
"Tradition is a challenge to innovation".2
In the specific case of the House, as a day-by-day mechanism of the
human being, its change is inevitable, as it follows the new ways we
create. It is, therefore, necessary to understand what this future will
be (near future or not) and what changes the house must endure, as
far as indoor and outdoor spaces are made up and displayed, and
in what way, even after being based in an old structure, it can be
referred to as House of the Future.
Accordingly, and taking the specific case of a family house, the
objective is to approach it and to be able to reach that split time
between those two times, so that both can adapt to the intended
needs, the first of the steps being the profiling of the house and,
subsequently, the developing of a concrete intervention project.
However, how can one hold on to that House's old structure and
transpose it to the future? What is a House of the Future? This notion
raises other important issues, namely: Who inhabits the house? What
is the lifestyle of its inhabitants? And what is that house on which we
want to take action?
Understanding a means of intervention refers to the importance
of time and what remains between what continues and what is
transformed, a new dimension between Things and People. It makes
for a tension, a game of contraries, of opposites and ruptures, where
it is necessary to find out what needs to be done within that that
exists already. It is necessary to 'treat with respect, but with no fear'.
Furthermore, the influence by architects Alison and Peter Smithson
takes a leading role as regards the project's development since they
address this matter in the Modern Movement, in their project House
of the Future
