Crescer em pandemia: implicações do confinamento no ajustamento socioemocional das crianças e jovens

Abstract

O vírus SARS-Cov-2 causou uma pandemia, assim classificada no dia 11 de março de 2020. Sucessivamente, cada vez mais países implementaram medidas de confinamento, tendo Portugal decretado Estado de Emergência no dia 18 de março de 2020. Com as medidas de confinamento obrigatório e distanciamento social, toda a população foi afetada por esta pandemia, sofrendo vários impactos nomeadamente a nível psicológico. O confinamento pode potenciar mais dificuldades na conciliação trabalho-família, anteriormente já complexa, especialmente em famílias com filhos menores. O presente estudo tem como objetivo compreender as diferenças entre a disponibilidade psicológica parental e o ajustamento socioemocional das crianças no período pré-pandemia vs. durante o confinamento. Ademais, pretende analisar se a disponibilidade psicológica parental se revela um preditor significativo do ajustamento socioemocional das crianças e jovens e se funciona como um moderador entre um maior número de horas de trabalho semanais e o ajustamento socioemocional dos filhos. Recorreu-se a uma amostra de 337 participantes, 137 pertencentes ao primeiro grupo (pré-pandemia) e 200 ao segundo grupo (durante o confinamento), tendo as amostras sido recolhidas através de dois inquéritos online. Os resultados sugerem que a disponibilidade psicológica parental e o ajustamento socioemocional das crianças são inferiores no grupo da amostra recolhida durante o confinamento. Ademais, verifica-se que a disponibilidade psicológica parental está associada ao ajustamento socioemocional das crianças, em ambos os grupos. Não foram encontrados efeitos significativos de moderação da disponibilidade parental entre as horas de trabalho semanais e o ajustamento socioemocional das crianças. Estas evidências demonstram a importância de analisar os impactos psicossociais da pandemia mais aprofundadamente e realizar um acompanhamento das crianças e jovens e da sua saúde mental no período pós-confinamento, uma vez que os impactos sentidos se poderão prolongar e ampliar nos meses subsequentes

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