Enquadramento: A obstrução urinária inferior congénita (LUTO) é uma causa rara mas significativa de morbimortalidade. Atualmente, é um desafio estabelecer o prognóstico em fetos com LUTO, devido à falta de consenso sobre quais os parâmetros capazes de prever o outcome nos fetos.
Objetivo: Discussão de fatores que seriam capazes de prever o prognóstico perinatal de fetos com LUTO e, consequentemente, orientar os pais e os profissionais de saúde.
Métodos: Foi realizada uma revisão extensa da literatura, incluindo 30 artigos escritos em inglês e publicados entre 01/01/2000 e 20/02/2020.
Resultados: Vários parâmetros estão correlacionados com o prognóstico no LUTO, incluindo a dimensão da bexiga, a aparência renal, a área do parênquima renal, o volume de líquido amniótico, a idade gestacional aquando do aparecimento de oligoâmnios, a vascularização renal, a idade gestacional ao diagnóstico e vários parâmetros analíticos. Recentemente, dois sistemas de estadiamento de LUTO foram introduzidos e incluem vários destes parâmetros, permitindo uma melhor acuidade em termos de previsão do prognóstico.
Conclusão: Um único marcador não prevê com precisão o prognóstico dos fetos com LUTO, sendo que uma abordagem que inclua múltiplos marcadores será a ferramenta preditiva mais eficaz. Mais estudos são necessários para comparar os sistemas de estadiamento já propostos e validar o seu valor na prática de rotina.Background: Congenital lower urinary tract obstruction (LUTO) is a rare but significant cause of morbidity and mortality. Establishing the prognosis of LUTO remains a challenge, due to the lack of consensus regarding which parameters can predict fetal outcome.
Objetive: To discuss factors that would be able to predict perinatal prognosis and, therefore, provide both practitioners and parents with some guidance regarding fetal outcome.
Methods: We performed a review of the current literature, including 30 articles written in English and published between 01/01/2000 and 20/02/2020.
Results: Several parameters are correlated with prognosis in LUTO including bladder dimension, renal appearance, renal parenchymal area, amniotic fluid volume, gestational age at the appearance of oligohydramnios, renal vascularization, gestational age at diagnosis and several parameters in the analytic studies. Recently, two LUTO staging systems were introduced and they comprise several of these parameters, improving prognosis accuracy.
Conclusion: A single marker cannot accurately predict LUTO fetuses prognosis, and a multiple markers approach is a more prudent way to evaluate those cases. Further studies are needed to compare the staging systems previously proposed and to validate them in routine practice