research

Uma viagem à Índia, de Gonçalo M. Tavares : a epopeia possível no século XXI

Abstract

Colóquio Internacional "Camões e os seus Contemporâneos", Universidade dos Açores, Ponta Delgada, 18 a 20 de Abril de 2012.Em pleno século XXI, e depois do muito que já se escreveu sobre Camões e das inúmeras reescritas ficcionais da obra do autor de “Os Lusíadas”, Gonçalo M. Tavares, uma das novas vozes da literatura portuguesa contemporânea, publica em 2011 Uma viagem à Índia, narrativa em verso que evoca em muitos sentidos a grande épica portuguesa. Os nexos que se podem estabelecer entre estas duas obras são, no entanto, em dois sentidos opostos, ou seja, se por um lado Gonçalo M. Tavares faz da sua narrativa quase um palimpsesto de “Os Lusíadas”, por outro lado, nota-se um evidente projeto de derrisão que, partindo do modelo seiscentista, o reescreve, encontrando assim a sua própria originalidade. De facto, conteúdo e forma de “Uma viagem à Índia” remetem-nos para uma inevitável relação intertextual com a obra camoniana. Da temática da viagem por mar ao Oriente à divisão do texto versificado em dez cantos, são inúmeras as pistas que apontam para o universo da épica portuguesa renascentista. Nesta comunicação procura-se assim, num primeiro momento, evidenciar os pontos de contacto entre este texto moderno e Os Lusíadas. Em sentido contrário a esta conformidade com o modelo do texto de Camões estão os pontos de fuga a partir dos quais Gonçalo M. Tavares constrói o seu próprio texto épico, ou melhor, antiépico, povoado de ironia, desilusão e burlesco, traços que o situam assim também nos antípodas da exaltação épica e que terão levado Eduardo Lourenço a designar Uma viagem à Índia como uma “epopeia da deceção”. Deste modo, pretende-se, num segundo momento, demonstrar como este distanciamento em relação a “Os Lusíadas” se faz sobretudo através da paródia, conceito que tomamos de Linda Hutcheon (Uma teoria da paródia).info:eu-repo/semantics/publishedVersio

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