Projecto de investigação apresentado à Universidade dos Açores para obtenção do grau de doutor em Geografia.Prova complementar de doutoramento.Olhado no passado como peça fundamental na contextura da expansão europeia e, no presente, como fonte inesgotável de recursos, o mar foi, e ainda é, um obstáculo de declarada importância no desenvolvimento económico dos Açores, porque quebra a continuidade do espaço territorial do arquipélago, porque o torna longe dos dois continentes mais próximos e porque condiciona a ocupação humana à escassez do chão insular. Para uma sociedade de tradições agro-pastoris como a açoriana que do amanho da terra retira a sua maior riqueza, o último aspecto referido reveste-se de particular acuidade. Não só as águas confinam as suas terras como, do eterno antagonismo entre o oceano e a terra firme, aquele sai sempre vitorioso. Outrossim, o mar é, por excelência, a bacia receptora dos solos que, no interior das ilhas, a erosão pouco a pouco vai roubando. O lento, mas persistente recuo da costa, é um processo natural que resulta da continuada agressividade das ondas: contra a poderosa força destas, pouca ou nenhuma oposição pode o habitante ilhéu oferecer. A erosão, tomada aqui como desgaste, é um processo de denudaçao dos continentes, natural também e tão antigo como estes o são. Neste campo porém, a interferência do homem pode revestir-se de aspectos significativos que visem retardar ou minimizar o mecanismo erosivo ou de outros que, pelo contrário criem condições ao disparar do processo ou a sua aceleração. No arquipélago dos Açores, e apesar do prejuízo irreparável que actualmente representa o transporte de camadas de solo pelas escorrência superficial, os efeitos da erosão têm sido descorados pelo homem ou olhados com alguma negligência. [...
