weCope: desenvolvimento e implementação de uma aplicação móvel para autogestão da doença em pessoas com perturbações psicóticas

Abstract

A prevalência da doença mental em Portugal é uma das mais elevadas da Europa, cerca de de 23%, dos quais 6% se referem a doenças mentais graves, como é o caso das perturbações psicóticas (Carvalho & Xavier, 2016). Estas últimas têm um curso tendencialmente crónico, implicando a necessidade de autogerir a doença, essencial para que as pessoas com esse diagnóstico sejam capazes de lidar com os sintomas e viver uma vida funcional e satisfatória. A autogestão é um processo dinâmico e diário e que implica tomar escolhas e decisões informadas, aspecto concordante com o paradigma do recovery. Nos últimos anos surgiram várias tecnologias que dão suporte a esta abordagem preconizando o papel ativo da pessoa na sua recuperação.Este trabalho teve como objetivo desenvolver, implementar e avaliar o impacto da weCope, aplicação móvel para autogestão da doença em pessoas com perturbações psicóticas.Após revisão da literatura e levantamento de aplicações deste carácter existentes, realizou-se um survey online a 102 pessoas com experiência de doença mental e um focus group com 5 profissionais de diferentes áreas a exercer funções em Saúde Mental e Reabilitação Psicossocial. Em seguida foi construído um protótipo, que inclui quatro módulos: monitorização de sintomas, resolução de problemas, relaxamento e definição de objetivos.Os testes de usabilidade foram realizados durante 8 semanas por 9 pessoas com o diagnóstico de Esquizofrenia, utentes da Associação Nova Aurora na Reabilitação e Reintegração Psicossocial (ANARP), com recolha de dados de seis instrumentos de avaliação antes e depois do uso da aplicação.Apesar da necessidade de mais investigação nesta área, encontraram-se melhorias significativas, nomeadamente no sentimento de empowerment, satisfação com o suporte social e autoeficácia, entre outros, o que sugere que a weCope parece contribuir para uma perceção subjetiva do melhor bem-estar e condição de saúde do paciente

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