O objectivo deste trabalho é analisar a figura do duplo que o narrador de Lolita crê estar na base da trama que relata. Este é a corporização de uma ordem dual e disjuntiva, um motivo literário que simboliza uma ameaça à ordem idealizada do narrador. As questões levantadas pelo narrador são, contudo, questões cuja relevância e originalidade literárias são desvalorizadas pelo autor implícito, que através de um esquema de desfamiliarização e paródia, mestra a valència do motivo de duplo enquanto estrutura literária susceptível de permanente actualização. O autor desenvolve uma utilização da figura que gira permanentemente em torno da ideia de jogo intertextual com os elementos tradicionais da ficção
