A raça caprina Boer, originária da Africa do Sul, é considerada uma das raças mais importantes para
a produção de carne, apresentando uma excelente capacidade de adaptação, sendo por isso
explorada, com sucesso, em várias zonas do globo, com condições meteorológicas muito variadas.
Atualmente, a exploração de caprinos desta raça em Portugal ainda tem uma expressão bastante
diminuta, tendo sido concluída a criação do Livro Genealógico (LG) da raça Boer em novembro de
2015, gerido pela APCRB – Associação Portuguesa de Caprinicultores da Raça Boer.
Pretendeu-se com este estudo contribuir para a caracterização do efetivo caprino Boer existente em
Portugal. O trabalho baseou-se nos dados obtidos em visitas realizadas às explorações, no processo
de registo dos animais no LG da raça.
Atualmente, em Portugal, existem nove criadores, mas apenas oito com animais inscritos no LG, com
um efetivo total de 142 animais, 112 fêmeas e 30 machos. Os animais são nascidos em Portugal
(48,6%), e importados, principalmente da Alemanha (36,6%), mas também da Holanda (12,7%) e
Espanha (2,1%). As explorações encontram-se distribuídas pelos concelhos de Alandroal, Benavente,
Vidigueira, Campo-Maior, Coruche, Évora, Portalegre, Porto de Mós e Vila Nova de Foz Côa.
Os criadores, na sua maioria, exploram os animais em sistema semi-intensivo, com base no pastoreio
direto e suplementação, com feno e alimento composto comercial. Apenas um criador explora os
animais em sistema extensivo.
Regra geral, não existem épocas de cobrição definidas. Os machos são mantidos junto das fêmeas e
a beneficiação realiza-se por cobrição natural. Excecionalmente, no ano de 2016, dois criadores
recorreram à inseminação artificial, por laparoscopia, com sémen importado da Austrália.
A dimensão dos efetivos por exploração é diversa, variando entre quatro e trinta animais, com um
valor médio de dezoito animais. O efetivo nacional é relativamente jovem, predominando animais com
idades entre um e três anos, representando 85% do efetivo.
O número de nascimentos aumentou entre 2007 e 2013, ano em que se registou o valor mais elevado
(42), tendo este vindo a decrescer posteriormente. A inexistência de épocas de cobrição definidas
reflecte-se numa distribuição dos nascimentos ao longo de todo o ano.
A pontuação obtida na classificação morfológica dos animais, efetuada até ao momento, permitiu que
a sua totalidade fosse inscrita no LG.
Apesar de uma expressão ainda diminuta do efetivo Boer em Portugal, a expansão desta raça
afigura-se interessante, dadas as excelentes características destes animais para a produção de carne.info:eu-repo/semantics/publishedVersio