Dissertação de Mestrado
apresentada
no ISPA – Instituto Universitário de Ciências
Psicológicas, Sociais e da Vida para obtenção de grau
de Mestre na especialidade de Biologia Marinha e
ConservaçãoA acidificação do oceano, causada por níveis elevados de dióxido de carbono (CO2)
atmosférico, é reconhecida como uma ameaça aos ecossistemas marinhos. A maioria dos
estudos tem-se centrado nos organismos de calcificação marinha, devido à dependência de
carbonato de cálcio, que poderá ficar limitado no futuro. Menos atenção tem sido dada aos
peixes, mas estudos recentes sobre os estados larvares sugerem que o comportamento,
crescimento, desenvolvimento e mesmo a dimensão de estrutura como otólitos podem ser
afetados com o aumento dos níveis de CO2. Contudo, outros estudos não conseguem detectar
efeitos negativos, sugerindo vulnerabilidades variáveis entre espécies.
Neste estudo foram testados os efeitos da acidificação no período larvar de
Lepadogaster lepadogaster, uma espécie de peixe marinho temperado. Foram incubados ovos
e desenvolvidas as larvas em cativeiro e em condições de controlo e de pCO2 elevado. As
alterações morfométricas e o tamanho de otólitos foram examinados em larvas em préassentamento.
Foi ainda testada a resposta comportamental a um odor de predador em larvas
de L. lepadogaster e de Atherina presbyter, mantidas em condições de pCO2 elevado. A
capacidade de reconhecer odores de predadores por ser uma resposta chave para a
sobrevivência, sendo reconhecido em diversos estudos como um dos mais afetados em peixes
expostos a altos níveis de CO2.
Os resultados sugerem que as fases larvares de L. lepadogaster podem ser mais
resilientes a cenários de acidificação, enquanto A. presbyter parece ser mais suscetível, com
potenciais efeitos na sua sobrevivência. Estudos futuros deverão abordar a capacidade de
diferentes espécies se adaptarem às condições de acidificação previstas até final deste século.Ocean acidification, caused by elevated levels of atmospheric carbon dioxide (CO2), is
recognized as a serious threat to marine ecosystems. Until now, most studies have focused on
marine calcifying organisms, due to dependence on calcium carbonate, which is likely to
become limited under future acidification scenarios. Less attention has been given to fish, but
recent studies on the early life stages suggest that behavior, growth, development and otolith
size may be highly affected by increasing CO2 levels. Other studies, on the other hand, fail to
detect negative effects, suggesting species-specific vulnerabilities to increasing concentrations
of CO2 and point to a need of further research.
Here we tested the effects of CO2-induced ocean acidification on the early life stages of
a temperate marine fish, the clingfish Lepadogaster lepadogaster, by rearing larvae since
hatching in control and high pCO2 conditions. Size-at-age metrics and otolith size were
examined in pre-settlement stage larvae. Additionally, behavioral response to a predator odour
was tested in L. lepadogaster larvae and in Atherina presbyter larvae, maintained in high pCO2
conditions. Recognition of predator odours is a key behavior for predator avoidance and
survival, and is one of the most commonly affected behaviors in fishes exposed to high CO2
levels.
Results suggest that early life stages of L. lepadogaster might be resilient to future
scenarios of ocean acidification, whereas A. presbyter might be more susceptible, with potential
impacts on its future survival. Future studies should address species capacity to adapt to the
predicted ocean acidification over the next century