Entre culturas: Olhares sobre a integração e inclusão em contexto social e escolar numa cidade dos Alpes Franceses

Abstract

O tema do boom das migrações invade as nossas casas todos os dias, seja pela televisão, pelos jornais ou pela internet. É a globalização que, de acordo Castles (2005), forma comunidades distintas e despertas para as múltiplas culturas, levando a transformações de identidades (Vieira, Margarido, Trindade & Silva, 2013). A temática desta dissertação, centra-se na integração e inclusão das famílias de migrantes e dos seus filhos, em França, nomeadamente, em Albertville, em contexto escolar e social. Os fluxos migratórios contribuem para aumentar a diversidade na «escola para todos». E esta diversidade pode contribuir para o aumento de tensões e conflitos e exigir, assim, por parte da escola também uma diversidade de respostas (Peres, 2000, Vieira, 2016). Torna-se, pois urgente, relembrar que a escola «tem a responsabilidade social de promover as pessoas e os coletivos» (Benavente, 2007, p. 15) e que praticar o ensino diferenciado envolve «rejeitar a ideia de que o insucesso escolar é uma fatalidade, vencer os preconceitos e resistências em relação aos alunos desmotivados, desinteressados, considerados agressivos, indisciplinados, etc». (Vieira, 2016b, p. 77). É necessário e mesmo urgente construir pontes, e colocarmo-nos no lugar do OUTRO, numa perspetiva intercultural que previna transforme, eduque e reabilite (Vieira & Vieira, 2017). Os objetivos gerais deste trabalho são, assim, compreender os processos de integração e inclusão das famílias de migrantes e das suas crianças em contexto social e escolar e reconhecer e dar a entender a importância da mediação intercultural na integração e inclusão. Para um estudo mais heterogéneo e multicultural, resolvi entrevistar alguns dos meus colegas de trabalho, amigos e conhecidos. Incluí, assim, famílias italianas, marroquinas e portuguesas para conhecer e tentar compreender o seu percurso social e o percurso escolar dos seus filhos. Entrevistei, também, uma colega luso-descendente para, também, tentar compreender o seu percurso escolar. Revivemos memórias de uma infância entre o português e o francês. No campo teórico, foi essencial aprofundar um pouco conceitos como migrações, identidades, hospitalidade e acolhimento, desafios que nos (des)acolhem, pedagogia da convivência, mediação intercultural e intervenção social. Em termos metodológicos, esta investigação situa-se no paradigma hermenêutico, uma vez que se procura compreender os processos, assim como, o ponto de vista dos sujeitos entrevistados. A técnica de recolha de dados escolhida foi a entrevista semiestruturada. Percebeu-se, com este estudo que, de um modo geral, estes emigrantes parecem sentir-se integrados, essencialmente, através do trabalho, que os seus filhos se sentem também integrados e incluídos na escola, que têm amigos de outras nacionalidades e que, em casa, a língua de origem é a mais falada

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