Estudo em Ruditapes decussatus (Linnaeus, 1758) em cenários de alterações climáticas, relação entre disponibilidade de alimento e temperatura

Abstract

O crescimento populacional tem vindo a aumentar exponencialmente, e com ele uma maior pressão sobre os stocks naturais, que estão cada vez mais sobre explorados e fragilizados. Esta detioração ambiental tem sido intensificada fortemente pela poluição e efeitos das alterações climáticas, efeitos como o aumento da temperatura da água do mar e disponibilidade de alimento. Os stocks naturais marinhos, estão especialmente suscetíveis a estas alterações, sendo os organismos sésseis e com menor capacidade de movimento os mais afetados, como é o caso da amêijoa Ruditapes decussatus, que tem em Portugal uma enorme importância comercial. Vários estudos foram desenvolvidos com estes organismos em relação ao seu comportamento e relação com alterações no meio. Este trabalho visa complementar esta informação avaliando a forma como dois destes fatores, a temperatura e disponibilidade de alimento em conjunto vão afetar as amêijoas desta espécie. Para este trabalho, as amêijoas foram divididas em seis tratamentos em que dois deles receberam alimento total, dois metade dessa quantidade e os últimos dois permaneceram em jejum, três destes tratamentos (um de cada dieta) foram então expostos a stresse por aumento de temperatura e os outros três mantidos à mesma temperatura. De forma a pudermos atingir os nossos objetivos, foram efetuadas cinco amostragens, nas quais foram retirados seis exemplares de cada tanque: três para análise da resposta imune e análise histologia e outros três para análises de biomarcadores de stresse oxidativo. Os diferentes efeitos da interação destes dois agentes ambientais na sobrevivência e respostas bioquímicas das amêijoas R. decussatus são apresentados e discutidos em detalhe na presente tese. Em resumo, as amêijoas dos tratamentos que sofreram choque térmico apresentaram maior mortalidade, bem como uma maior debilidade do sistema imunitário e maior efeito do stresse oxidativo. A dieta desempenhou um papel crucial na capacidade imunitária e de sobrevivência das amêijoas, sendo notória a diminuição de capacidade de resposta ao choque térmico, nas amêijoas que não receberam alimento total. No entanto as amêijoas que não receberam alimento apresentaram menor mortalidade do que as que tiveram acesso a metade do alimento o que comprova a capacidade destes organismos de resistir a stress ambiental durante curtos períodos (uma semana) recorrendo ao fecho das valvas

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