Com base num projeto de demonstração que decorreu nos anos agrícolas
2012/2013 e 2013/2014, realizado em duas explorações agrícolas localizadas no
perímetro de rega de Alqueva, quantificou-se a eficiência de uso do azoto, fósforo
e potássio (NUE) numa monocultura de milho (M-M) e em duas rotações,
cevada+milho-cevada (C+M-C) e girassol-cevada+milho (G-C+M). A avaliação
dos teores de matéria orgânica total, fósforo e potássio extraíveis fez-se no ano
anterior à instalação do ensaio e previamente à sementeira de cada cultura. Na
determinação da eficiência de uso dos nutrientes usaramse as relações seguintes:
(I) eficiência de uso do azoto (N) disponível (kg/kg), dada por NUEN=R/ND; (II)
eficiência de uso do fósforo (P) disponível (kg/kg), dada por NUEP=R/PD; (III)
eficiência de uso do potássio (K) disponível (kg/kg), dada por NUEK=R/KD, onde
R é o rendimento da cultura (kg/ha) e ND, PD e KD correspondem, respetivamente,
ao N disponível (kg/ha de N) resultante da fertilização mineral e do N libertado por
mineralização da matéria orgânica quando o seu teor no solo ultrapassou 2.5%, ao
P disponível (kg/ha de P2O5), resultante da fertilização mineral e do teor extraível
existente no solo e ao K disponível (Kg/ha de K2O), resultante da fertilização
mineral e do teor extraível existente no solo. No milho os valores NUEN foram
superiores em monocultura, com o valor mais baixo a verificar-se na rotação GC+
M, refletindo primordialmente as baixas produtividades obtidas pelo milho
cultivado em rotação. Em monocultura a NUEN do milho alcançou valores
elevados, superiores a 40 kg/kg. O baixo valor de NUEN no girassol (15 kg/kg)
indica que a cultura foi pouco eficiente na utilização do azoto disponível, sobretudo
em consequência da baixa produtividade da cultura e não de alguma limitação na
capacidade de utilização do N pelo girassol.
A NUEP ficou em geral dentro dos intervalos médios espectáveis (45 a110 kg/kg).
Foram exceção pela negativa o girassol e o milho na rotação G-C+M. O valor mais
elevado de NUEP foi obtido no milho em monocultura e resultou da maior
produtividade obtida e da menor disponibilidade de fósforo extraível no solo. Estes
resultados demonstram que sempre que o potencial produtivo das culturas foi
alcançado, não sendo afetado por fatores de stresse hídrico, fitossanitário ou
práticas agronómicas desajustadas, as rotações e as culturas a elas associadas mostraram-se eficientes na utilização deste nutriente. Em todas as culturas a NUEK
foi baixa, em geral inferior a 25 kg/kg. Este resultado sugere que as fertilizações
potássicas poderiam ter sido inferiores, sem risco de comprometer os rendimentos
esperados nem de afetar a fertilidade do solo. O milho foi a cultura mais eficiente
na utilização do K. O balanço final dos teores de P e de K extraíveis foi positivo na
rotação C+M-C, evidenciando que os nutrientes aplicados via fertilizantes
superaram as exportações das culturas. As sucessões M-M e C+M-C apresentaram
os melhores indicadores de eficiência de uso de nutrientes, principalmente de azoto
e de fósforo. Contudo, verificaram-se, em todas as culturas, baixas eficiências no
uso de potássio, evidenciando a necessidade de equacionar cuidadosamente a
fertilização potássica.info:eu-repo/semantics/publishedVersio