Interações na cena da dança contemporânea: Duetos, solos e grupos

Abstract

Na dança, criadores e intérpretes estabelecem modelos de interação através dos quais exprimem o modo como se veem a si próprios na sua relação com os outros. Que ideias sobre os corpos feminino e masculino emergem quando uma pessoa dança com outra? Que conceções do “eu” adquirem visibilidade quando um só intérprete se revela em cena? Como se relaciona o indivíduo com o grupo e que valor lhe é atribuído no seu seio? Estas são algumas das questões a que nos propomos responder, reportando-nos à dança contemporânea cujo nascimento situamos, seguindo a historiadora e filósofa Laurence Louppe (2012), no final do século XIX, com a atividade de Isadora Duncan. As intervenções desta bailarina dariam ainda início, no campo da dança contemporânea, ao que a filósofa designa por a grande modernidade. A grande modernidade reporta-se ao grupo dos bailarinos que, desde o final do século XIX-início do século XX, e até aos anos 1960, inventaram, simultaneamente, uma prática e uma teoria de e para a dança. Ao quadro das diferentes poéticas instauradas pelos grandes protagonistas da dança contemporânea, de Isadora Duncan ao Judson Dance Theatre, passando por Mary Wigman, Martha Graham ou Merce Cunningham, entre outros, sobre as quais Louppe incide, permitir-nos-íamos alargar este período aos anos 1970, nele incluindo o contact improvisation cuja invenção é atribuída a Steve Paxton. E onde Louppe encontra uma diversidade de ferramentas e teorias que alteraram a maneira de os artistas verem e refletirem sobre o mundo, propomo-nos, no seu filão, evidenciar que estes artistas incluem também nas suas novas visões do mundo novas formas de se representarem e posicionarem, interagindo, em duetos ou em grupos, na dança e fora dela.ABSTRACT - In dance, choreographers and performers establish models of interaction through which they express how they see themselves in their relationship with others. Which ideas about the female and male bodies emerge when a performer dances with another one? Which ideas of the “self” get visibility when a performer appears on the dance stage? How does the individual relate with the group and which values are assigned to it? These are some of the questions that we propose to answer, referring to contemporary dance, the birth of which we place, following the historian and philosopher Laurence Louppe (2012), at the end of the nineteenth century, with Isadora Duncan’s activity. The interventions of this dancer would mark the beginning of the great modernity. The great modernity refers to the group of dancers who, from the late nineteenth- early twentieth century, and until the 1960s, invented both a practice and a theory of and for dance. To the different poetics brought by the founders of the great modernity in dance — Isadora Duncan, Mary Wigman, Martha Graham, Merce Cunningham, among others — upon which Louppe focuses, we extend this period to the 1970s, to include contact improvisation, the invention of which is attributed to Steve Paxton. And where Louppe found a variety of dance tools and dance theories that changed the way artists see and think about the world, we propose, in her vein, to stress out that these artists also include, in their new visions of the world, new ways of self-representation and positioning, interacting, in duets or groups, in dance and beyond it.info:eu-repo/semantics/publishedVersio

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