A cultura do jornalismo em desertos de notícias: um sistema em crises, uma presença distante

Abstract

O jornalismo enfrenta crises e, apesar da era tecnológica, persiste distante de muitas populações. Debates sobre este contexto, porém, são incipientes, o que ensejou-o como tema de investigação. Indagou-se dessarte se tais crises favorecer-se-iam dessa condição incongruente. O trabalho consequente compôs-se de estudo da cultura do setor em lugares sem jornalismo – os desertos de notícias. O lastro fez-se de revisões bibliográficas e de um recorte da referida realidade. Dividiu-se o resultado em três capítulos. O primeiro traz os significados de cultura e sublinha o conceito adotado – o antropológico. Adiante, define comunicação e dinâmicas do binômio cultura-comunicação. Ademais, registra a metodologia para interpretar culturas e comunicação. O capítulo segundo demonstra a complexidade do jornalismo em termos simbólicos. A seguir, explana como o setor sempre dependeu de centros e instituições de poder. Aqui, evidenciam-se o etnocentrismo do jornalismo e reações possíveis de subalternizados em processos culturais. Outrossim, há discussões sobre as crises e o futuro. O capítulo terceiro apresenta o recorte do caso estudado, focando-se em Pernambuco – unidade brasileira com aproximadamente 70% dos municípios como desertos de notícias. Para tal, remonta-se breve história do jornalismo no país e no estado e respectivos contextos. O tópico seguinte apresenta a TV Asa Branca – empresa ligada à Globo, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo. Grosso modo, assinala-se que o trabalho da emissora foca-se em Caruaru, município-sede. A seguir, exibem-se resultados de inquéritos. Um indicou, em suma, a busca frequente do público por notícias e a ínfima dependência em relação ao jornalismo. No outro, para profissionais e grupos afins, perceberam-se sobretudo a falta de diversidade e a prática do "jornalismo sentado". Munido destes dados e das revisões, concluiu-se que a cultura do jornalismo causa ou, pelo menos, contribui de modo significativo para as próprias crises e, ademais, que o setor pode ser antidemocrático.Journalism faces crises and, despite the technological era, remains removed from many populations. Indeed, debates about this topic are incipient, making it one that should be investigated. Thus, the question posed was whether crises would actually benefit from this incongruous condition. The consequent work consisted of studying the journalism culture in places without journalism—the news deserts. The research was based on bibliographical reviews and a sample from news deserts. The result was divided into three chapters. The first chapter deals with meanings of culture and its anthropological concept. Further on, it defines communication and the culture-communication dynamics. This step also registers a methodology to interpret cultures and communication. The second chapter demonstrates complexities of journalism, on approach to symbols. Then, it explains how this sector has always depended on centers and institutions of power. Here, the text evidences journalism’s ethnocentrism, and possible dismissals of marginalized populations. Also, there are discussions about crises and the future. The third chapter presents the sample, focusing on Pernambuco—a Brazilian unity where about 70% of its municipalities are news deserts. Then, it shows a brief history of Brazilian journalism, including this state, stressing their contexts. The following text introduces TV Asa Branca—an enterprise associated with Globo, one of the world’s largest media companies. Roughly speaking, this topic marks its news mostly representing the reality of Caruaru, its host municipality. The results of surveys are presented next. One of them noted, in short, the public searching for news frequently, and a small dependence on journalism. The other, for professionals and related groups, revealed a shortage of diversity and the practice of "sitting journalism". Armed with this and those reviews, this work concluded that the journalism culture causes or, at least, contributes significantly to its own crises, and also can be an anti-democratic force

    Similar works