Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2017A surdez súbita neurossensorial, conhecida como surdez súbita, é geralmente definida como uma perda auditiva de pelo menos 30 dB, em 3 frequências audiométricas contíguas, num período de 3 dias. Devido ao seu aparecimento abrupto, é um sintoma assustador que exige diagnóstico e tratamento prementes. Em aproximadamente 90% dos casos, uma causa subjacente não pode ser identificada, apesar de investigação adequada. Deste modo, é definida com surdez súbita neurossensorial idiopática. A sua fisiopatologia pouco clara, aparente baixa incidência e possibilidade de recuperação espontânea contribuem para manter o tratamento controverso.
Ao longo dos anos, foram propostas mais de 60 modalidades terapêuticas para a surdez súbita neurossensorial idiopática, mas poucas demonstraram eficácia suportada por evidência científica na recuperação auditiva. Os corticoides sistémicos são habitualmente a terapia inicial utilizada, pois parecem promover a melhoria dos limiares auditivos no audiograma tonal simples. Há estudos que mostram que os corticosteroides intratimpânicos são não-inferiores aos corticosteroides orais como terapêutica inicial da surdez súbita e podem ser usados eficazmente como terapia de resgate, após a falha da terapia sistêmica. A eficácia da combinação da corticoterapia sistémica e intratimpânica está a ser estudada. A oxigenoterapia hiperbárica (HBOT) apresenta resultados promissores quer como terapia primária, adjuvante ou de resgate, mas está a ser avaliada em eficácia, frequência e duração. São necessários mais estudos com amostras de doentes maiores e medidas de resultados padronizadas. Ainda nenhum outro agente provou ser eficaz no tratamento da surdez súbita.
A surdez súbita tem um elevado impacto na vida diária dos doentes. No geral, há demasiado foco no sucesso audiológico e não o suficiente na qualidade de vida do doente. Uma visão holística do doente é necessária para o sucesso terapêutico.Sudden sensorineural hearing loss (SSNHL), commonly known as sudden deafness, is mostly defined as a hearing loss of at least 30 dB loss in 3 contiguous audiometric frequencies over a 3-day period. Because of its sudden appearance, it is a frightening symptom that requires pressing diagnosis and treatment. In approximately 90% of cases, an underlying cause cannot be identified, despite adequate investigation. Therefore, it is defined as idiopathic sudden sensorineural hearing loss (ISSNHL). Its unclear physiopathology, apparent low incidence and chance of spontaneous recovery contribute to keep the treatment controversial.
Over the years, there have been proposed more than 60 treatment modalities for ISSNHL, but only a few have shown efficacy supported by scientific evidence in hearing recovery. Systemic corticosteroids are usually the initial therapy prescribed, for they seem to promote pure tone average (PTA) improvement. There is data showing that intratympanic corticosteroids are non-inferior to oral corticosteroids in the initial management of ISSHL and can be used effectively as a salvage therapy, after the failure of systemic therapy. The combination therapy of systemic and intratympanic steroids is still being studied in terms of efficacy. Hyperbaric oxygen therapy (HBOT) shows promising results either as a primary, adjunct or salvage therapy, but is still being assessed in efficacy, frequency and duration. Further studies with larger patient samples and standardized outcomes measures are needed. No other agent has proven to be effective in ISSNHL yet.
ISSNHL has a high impact on a patient’s daily life. In general, there is too much focus in audiological success and not enough on patient quality of life. A holistic view of the patient is required for therapeutic success