Small colony variants de Staphylococcus aureus nas infeções respiratórias crónicas de fibrose quística

Abstract

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2020Staphylococcus aureus é o agente oportunista mais frequentemente isolado nas secreções respiratórias dos doentes com Fibrose Quística. Esta bactéria persiste durante períodos extensos nas vias aéreas apesar de esquemas antimicrobianos agressivos e repetitivos. Durante a colonização pulmonar crónica, S. aureus é exposto a numerosas pressões seletivas impostas pelo ambiente dinâmico e hostil do pulmão de FQ, levando ao estabelecimento de uma população bacteriana heterogénea fenotípica. Small Colony Variants (SCV) é uma subpopulação bacteriana auxotrófica de crescimento lento que exibe características morfológicas, fisiológicas e metabólicas distintas, que facilitam o desenvolvimento de infeções persistentes, recorrentes e refratárias a terapêutica standard. O diagnóstico laboratorial de SCV de S. aureus representa um desafio para o microbiologista clínico, dado que requere a aplicação de métodos de diagnóstico especiais, não empregados rotineiramente pela maioria dos laboratórios clínicos de FQ. Até a data, poucos laboratórios clínicos reportam a presença de isolados de SCV de S. aureus. Estudos epidemiológicos demonstraram que doentes pediátricos tal como adultos estão frequentemente colonizados por SCV de S. aureus. A idade avançada, exposição prévia a Sulfametoxazol-trimetoprim, coinfecção com Pseudomonas aeruginosa e declínio da função pulmonar constituem fatores de risco independentes para emergência de SCV de S. aureus. São necessários mais estudos para determinar se a presença de SCV de S. aureus representa um marcador de doença pulmonar avançada ou se desempenha um papel patogénico na progressão da doença pulmonar. As implicações diagnósticas e clínicas de SCV de S. aureus enfatizam a importância na monitorização e vigilância deste fenótipo, de forma a aumentar o conhecimento do seu significado clínico na doença pulmonar na FQ.Staphylococcus aureus is the opportunist pathogen most isolated from respiratory secretions of people with Cystic Fibrosis (CF). These bacteria often persists in the airways for extended periods despite aggressive and repetitive antimicrobial regimens. During chronic lung colonization, S. aureus is exposed to numerous selective pressures imposed by the dynamic and hostile environment of the CF lung, leading to the establishment of a phenotypic heterogeneous bacterial population. Small Colony Variants (SCV) constitute a slow-growing auxotrophic bacterial subpopulation that exhibits distinctive morphological, physiological and metabolic characteristics, which facilitates the development of persistent, relapsing infections and refractory to standard antimicrobial therapy. The laboratorial diagnosis of S. aureus SCV represents a challenge for the clinical microbiologist, since it requires special diagnostics methods, not applied in routinely by most of CF clinical laboratories. To date, few clinical laboratories report the presence of S. aureus SCV isolates. Epidemiological studies demonstrated that pediatric and adults patients are commonly colonized by S. aureus SCV. Older age, prior exposition to trimethoprimsulfamethoxazole, coinfection with Pseudomonas aeruginosa and worse lung function constitute independent risk factors for the emergency of S. aureus SCV. It is necessary further studies to determinate whether the presence of SCV S. aureus represent a marker of more advanced pulmonary disease or plays a pathogenic role on pulmonary disease progression. The clinical implications of S. aureus SCV underscores the importance of surveillance and monitorization of this phenotype, in order to enhance the understanding of their clinical significance of CF pulmonary disease

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