The effects of bias perception on trait impressions of people describing themselves vs. others

Abstract

Tese de mestrado, Psicologia (Área de Especialização em Cognição Social Aplicada), Universidade de Lisboa, Faculdade de Psicologia, 2020Past research has showed that people expect others to be biased, and these perceptions of bias, in some contexts, can be associated with negative impressions. A widely studied example of a biased claim is self-enhancement, where people blatantly describe themselves as better than others. The Hubris Hypothesis predicts that these people are evaluated negatively. The present research replicates this finding, but it shows the opposite pattern when these comparative appraisals are directed towards others. People making flattering descriptions of their relatives and loved ones were seen as biased but likeable, whereas people who did not enhance (nor denigrate) their loves ones were seen as realistic but not likeable. This research suggests a more nuanced version of the role of bias perception in impression formation, whereby biased appraisals are expected in certain domains, and they can inspire favorable impressions when directed towards others.Estudos indicam que existe uma tendência geral para as pessoas se verem de forma mais promissora que a média. Efeitos como o Better-than-average Effect (tendência verem os seus atributos como superior à média; Alicke, 2005; Brown, 1986); o Otimismo Irrealista (tendência para se achar que se tem um futuro melhor que os outros; Hoorens, 1995; Weinstein, 1980) e a Superioridade Ilusória (a crença de que se tem mais capacidades e se é mais competente que os outros; Hoorens, 1995) apoiam esta visão da perceção do próprio como sendo superior aos outros. Esta ideia é claramente enviesada, uma vez que é logicamente impossível que a maioria das pessoas seja “melhor que a média”. Porém, estudos indicam que, apesar destas crenças de superioridade estarem presentes na grande maioria da população mentalmente saudável, com autoestima médio/alto (Hoorens, 1995; Taylor & Brown, 1988), a sua explicitação através de auto-enaltecimentos não é vista favoravelmente (Hoorens, Pandelaere, Oldersma & Sedikides, 2012). Estudos anteriores mostram que as pessoas esperam que os outros sejam enviesados (Pronin, Lin, & Ross, 2002). Adicionalmente, estas perceções de enviesamento, em alguns contextos, podem estar associadas a pouca credibilidade (Wallace, Wegener, & Petty, 2020ab), havendo por vezes alguma necessidade de se ser dissociado delas (Choshen-Hillel & Caruso, 2018). Um exemplo amplamente estudado de uma asserção enviesada é o autoenaltecimento, em que as pessoas se descrevem como melhores do que as outras (semelhante ao efeito Better-than-average). Hoorens et al. (2012) investigaram o efeito de enaltecimentos no contexto social. Primeiramente, procuraram perceber as diferenças de desejabilidade social de enaltecimento de “outros” e do self. Para tal, expuseram frases de comparação social por superioridade, em que variavam o sujeito entre “eu” ou um “ele/a”. A desejabilidade social foi medida através de uma Escala de Likert, em que os participantes avaliavam o locutor da frase em diversos adjetivos (que variavam entre favorável e desfavorável). Os resultados apoiaram que enquanto um enaltecimento do self era mal visto por observadores (participantes avaliaram como desfavorável), um enaltecimento de outra pessoa (ele/ela) já era visto favoravelmente. Explicando melhor estes resultados, um autoenaltecimento é castigado socialmente (p.e., “eu sou aluno que os outros”) mas um heteroenaltecimento dos “outros” é visto favoravelmente (p.e., “ele é melhor aluno que os outros”), pois o primeiro implica a inclusão de uma visão negativa dos “outros”, podendo incluir o observador (Hoorens et al., 2012). Foi também investigado neste mesmo estudo um enaltecimento com uma comparação por igualdade (do outro e do próprio). Os resultados demonstraram que uma comparação por igualdade e um enaltecimento, ambos referentes a um “outro”, são igualmente bem-vistos. Isto é, não houve diferenças no julgamento destas duas comparações, quando o sujeito da frase se tratava de outra pessoa. Por outro lado, confirmou-se que um autoenaltecimento era visto negativamente, mas uma comparação por igualdade era vista positivamente. A esta compilação de resultados denominou-se de Hipótese de Hubris. Porém, para o presente estudo levantou-se uma questão adicional. Como variarão os resultados se os enaltecimentos forem dirigidos a uma pessoa próxima do locutor da frase? Segundo a literatura, existem evidências empíricas que apoiam que em determinadas situações, algum viés é visto (Murray, Holmes, & Griffin, 1996) e até esperado (Shaw, DeScioli, Barakzai, & Kurzban, 2017) na interação com outros próximos. Desta forma, prevê-se que se o “outro” se tratar de uma pessoa próxima do locutor, as expectativas sobre o enaltecimento deste serão maiores, podendo a sua ausência levar a uma baixa desejabilidade social. Isto é, espera-se que haja um enaltecimento de um ente próximo, ainda que se saiba que se trata de um enviesamento lógico. Assim, para a presente investigação, foram elaborados dois estudos. No primeiro procurou-se perceber a desejabilidade social e a perceção de enviesamento de quatro condições distintas: hétero enaltecimento; auto-enaltecimento; auto-comparação por igualdade; hétero comparação por igualdade. O “outro” foi definido como sendo uma pessoa próxima do locutor (parceiro/melhor amigo/filho). Os participantes avaliavam o locutor da frase tendo por base a frase apresentada, que constava uma comparação por superioridade (p.e., “Acho que sou a pessoa mais bonita que conheço”) ou uma comparação por igualdade (p.e., “Acho que não sou mais bonito nem menos bonito que as outras pessoas em geral”), podendo esta ser dirigida para o próprio ou para uma pessoa próxima (parceiro/amigo/filho(a)). Semelhantemente ao estudo de Hoorens et al. (2012), os participantes avaliaram o locutor baseando-se na impressão que formavam depois de ler a frase. Para analisar o enviesamento percebido do locutor, foram também acrescentados itens de perceção de enviesamento (e.g., “Quanto é que acha que esta pessoa está a ser objetiva?”/ “Quão enviesada (isto é irrealista) é esta opinião desta pessoa?”/ “Quanto é que esta pessoa está a exagerar?”/ “Quão distorcida é a opinião desta pessoa?”/ “Quanto é que acredita na opinião desta pessoa?”). Os participantes avaliaram o enviesamento numa Escala de Likert. No segundo estudo foram utilizados os mesmos métodos supramencionados, investigando mais detalhadamente as comparações sociais referentes apenas aos sujeitos próximos (hétero comparação por igualdade; auto comparação por igualdade). O presente estudo replica em parte os resultados de Hoorens et al. (2012), mostrando que um auto-enaltecimento provoca desejabilidade social muito fraca, levando a uma avaliação desfavorável do locutor. Por outro lado, mostra o padrão oposto quando essas avaliações comparativas são dirigidas a pessoas próximas. Pessoas que fazem descrições lisonjeiras dos seus parentes e entes queridos foram vistas como enviesadas, mas simpáticas, enquanto pessoas que não valorizam (nem denigrem) os seus próximos foram vistas como realistas, mas antipáticas. Estes estudos sugerem uma versão mais subtil do papel da perceção de enviesamento na formação de impressões, em que são esperadas avaliações tendenciosas em certos domínios, que podem suscitar impressões favoráveis quando dirigidas a outros. Desta forma, é evidente como a perceção de enviesamento pode provocar diferentes impressões em diferentes contextos. Apesar de muitas vezes estar associado a pouca credibilidade (Wallace et al., 2020ab), e havendo muitas vezes necessidade de se procurar ser objetivo e concreto (Choshen-Hillel & Caruso, 2018), existem outras situações em que algum favoritismo é aceite e até esperado aquando de interações com pessoas próximas. Os resultados destes estudos são importantes para complementar a Hipótese de Hubris de Hoorens et al. (2012), podendo sublinhar a importância da perceção de viés da formação de impressões. É também de notar como enaltecimentos de pessoas próximas podem servir como forma indireta de apresentar uma imagem mais favorável do próprio, uma vez que este tipo de comparações sociais suscitam uma boa impressão do locutor nas outras pessoas

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