Integrar os cuidados paliativos nas doenças não-oncológicas : um artigo de revisão

Abstract

Trabalho Final do Curso de Mestrado Integrado em Medicina, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa, 2018Os Cuidados Paliativos (CP) são cuidados clínicos cujo principal objectivo é o de proporcionar uma melhor qualidade de vida aos doentes, satisfazendo também as necessidades dos seus familiares e cuidadores. Este tipo de cuidados tem 4 pilares fundamentais: o controlo sintomático, o trabalho em equipa, a comunicação e o suporte à família, de maneira a garantir o alívio sintomático e o maior conforto, dentro das condições do doente. Provavelmente por uma questão de contexto, os CP tendem a ser vistos pelo público como destinados exclusivamente a doentes oncológicos. Considerando o crescente envelhecimento da população, é compreensível que as doenças crónicas não-oncológicas sejam, cada vez mais, algumas das principais causas de morte. Destacam-se a Insuficiência Cardíaca, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica e a Demência, doenças em que é evidente o deficiente acesso aos CP, mas nas quais se tornam claras as necessidades e o sofrimento dos doentes, comparáveis aos de um doente oncológico. É, então, necessário tomar consciência da necessidade destes doentes terem acesso aos CP, visto que uma intervenção precoce levaria a uma melhoria da qualidade de vida destes doentes. Os CP podem inclusivamente diminuir o número de reinternamentos, muito comuns nestas doenças e que muitas vezes afastam a possibilidade de uma morte em casa ou, pelo menos, com menor sofrimento. Assim, e apesar da incerteza do prognóstico destas doenças, e da grande variação de quadro clínico entre doentes, é fundamental uma abordagem integrada ao doente crónico, que contemple a sua necessidade de aceder aos CP. Isto implica que a sociedade se empenhe em possibilitar o acesso aos CP por estes doentes, de modo a proporcionar os melhores cuidados e uma melhor qualidade de vida (para os doentes e também para os seus familiares), desta forma centrando o tratamento também na própria pessoa e não só na doença em si.Palliative Care focuses on improving quality of life for patients, their families and caregivers. It aims to adequately address symptoms, preventing and reliving suffering and supporting the best possible quality of life. They have traditionally and wrongly been provided mostly to patients with malignant disease, while many more patients require them. The average age of the world’s population is increasing, with non-malignant diseases becoming a significant and increasing cause of mortality and morbidity. Some of these are Heart Failure, Chronic Obstructive Pulmonary Disease and Dementia, in which inadequate palliative care provision is evident. However, patients with these diseases are known to experience a degree of distress similar to patients with cancer. In fact, there has been growing awareness regarding the needs of patients dying from nonmalignant diseases. A greater integration of palliative care is needed to deliver highquality care to patients and improve their quality of life by early identification and treatment. These diseases are characterized by a gradual decline, paced by exacerbations, during which patients are hospitalized, frequently ultimately dying in hospital. Palliative care measures have been proved to inclusively decrease the number of these readmissions, which prevent patients from dying at home in comfort and peace. Although it’s rather difficult to establish prognosis in these diseases, and considering the variability and uncertainty between patients, it may be helpful to take an integrated approach, looking at different illness trajectories and designing the best path, helping patients feel in greater control of their situation and not forgetting the need for palliative care. A greater integration of palliative care is needed to promote a patient-centered care, establishing goals in keeping with the patient’s values and preferences

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