English in the expanding circle : elements for a comparative study of the sociolinguistic profile of English in Turkey and Portugal

Abstract

This dissertation discusses the sociolinguistic profile of English in two Expanding Circle countries, Turkey and Portugal. The use of English in functional domains typically affected by English in such speech communities is assessed through the observation of its use in the media, the tourism sector and shop naming. The dissertation then examines the circumstances in which English is taught and learned in the subject countries, considering in particular the history and current status of English language teaching in each of them, the attitudes, especially of learners, towards the English language, and the levels of proficiency in English in both speech communities. Results from the investigation reveal that English is less present in Turkey than in Portugal within the domains of media and tourism, though its relevance in shop naming practices is similar in both countries. The teaching/learning circumstances of English are found to be quite different in the two speech communities, with the maintenance, in Turkey, of more traditional methodologies and less successful results, as proficiency indexes remain lower in Turkey than in Portugal. Attitudes to English prove to be favourable in Portugal and mixed in Turkey. The sociolinguistic profile of English and Turkey proves therefore to be different, though both countries are growingly dependent on English and not so distant members of its Expanding Circle.A expansão da língua inglesa pelo globo resultou no crescimento exponencial do número de falantes para além das Ilhas Britânicas, podendo afirmar-se que o inglês é hoje usado em todo o mundo. Esse uso é, contudo, diferenciado, apresentando o inglês funções diferentes em diferentes contextos sociolinguísticos. É usado como língua nativa em vários territórios (ex: Reino Unido), mas em muitos outros países (exs.: Índia, Singapura, Quénia) é usado como segunda língua, entendida como código para comunicação intra-nacional através de diversos grupos linguísticos, étnicos e religiosos (Kachru, 1992b: 8-9) e por isso adotado em contextos institucionais relacionados com a administração, o direito, o ensino, entre outros. Para além disso, o inglês é hoje usado nos territórios remanescentes como língua estrangeira e de comunicação internacional, sendo a escolha mais frequente na interação com falantes nativos e sobretudo não nativos de inglês (ex.: Brasil, Rússia). Esta diversidade no uso e funções da língua inglesa foi sistematizada por Kachru (1985) através do Modelo dos Três Círculos, que distingue os círculos interno, externo e em expansão. Estes correspondem, simplificada e respetivamente, aos territórios em que o inglês é usado como língua nativa, segunda ou estrangeira. O presente trabalho debruça-se sobre dois países que integram o círculo em expansão, a Turquia e Portugal. Apesar de partilharem o uso do inglês como língua estrangeira ou internacional, estas comunidades linguísticas apresentam níveis de expansão do inglês e proficiência na língua aparentemente diversos, merecendo por isso um estudo comparativo que não foi até à data feito. O seu propósito principal é contribuir para a descrição do perfil sociolinguístico do inglês nestes dois países. A noção de perfil sociolinguístico é, assim, central neste trabalho. Introduzido por Ferguson (1967), este conceito tem sido frequentemente usado na descrição do uso do inglês pelo globo e é explicado por Berns, de Bot and Hasebrink (2007: 15) como um termo que atende tanto aos usos como aos utilizadores da língua inglesa numa determinada comunidade, considerando a sua história, domínios funcionais de utilização, papel no sistema de ensino, níveis de proficiência, e atitudes de falantes e aprendentes. Tendo este objetivo principal em mente, este estudo pretende mais precisamente (1) avaliar a extensão da presença da língua inglesa na Turquia e em Portugal em domínios funcionais em que o inglês é frequentemente usados nos países do Círculo em Expansão; (2) comparar as circunstâncias em que o ensino e a aprendizagem do inglês decorrem nos dois países, incluindo as atitudes dos alunos em relação ao idioma; e, finalmente, (3) considerar o possível impacto dos fatores mencionados acima na proficiência dos alunos nas duas comunidades. Se bem que não tenha sido feito, até à data, qualquer estudo comparativo do perfil sociolinguístico do inglês na Turquia e em Portugal, há já vários estudos sobre o uso do inglês em cada um destes dois países, que têm, portanto, informação de grande relevo para este tópico. Assim sendo, o propósito deste trabalho é prioritariamente sistematizar e comparar a informação disponível sobre o tópico em estudo, sendo esta completada com o levantamento de novos dados apenas quando necessário. A dissertação é composta por uma Introdução, em que se explica os objetivos e motivações do estudo. A esta segue-se o segundo capítulo, no qual se apresenta o enquadramento teórico da investigação. Começa por resumir-se as motivações e resultados da expansão do inglês pelo globo, fazendo-se particular referência ao surgimento e recente reconhecimento dos “World Englishes”, aos principais modelos de sistematização destas variedades - em particular ao Modelo dos Três Círculos de Braj Kachru (1985) e respectivo significado – e à relevância do uso do inglês como língua franca. Concentrando-se em seguida no círculo em expansão das variedades da língua inglesa, este capítulo identifica os contextos funcionais em que o inglês é tipicamente usado em tais comunidades linguísticas (investigação científica, ensino superior, publicidade, negócios, cultura popular, média, turismo); introduz as principais questões que enquadram o ensino/aprendizagem da língua inglesa dois países, com particular referência à importância da aprendizagem do inglês por via informal no mundo contemporâneo; apresenta o conceito de atitude em contexto sociolinguístico e a sua relevância para a aprendizagem de uma nova língua e proficiência na mesma; e, finalmente, identifica as principais publicações sobre o uso do inglês na Turquia e em Portugal, sumariando as mais relevantes. O terceiro capítulo centra-se no uso da língua inglesa em três domínios funcionais na Turquia e Portugal, nomeadamente nos media, turismo e nomes de lojas. Esta escolha resulta do facto de estes serem dos contextos de uso de inglês mais frequentes no círculo em expansão. Na sequência de uma descrição autónoma dos dois países, comprova-se que em Portugal o uso de inglês é mais comum do que na Turquia no contexto dos media e do turismo, com óbvias consequências em termos de exposição à língua na vida quotidiana.Uma das maiores diferenças reside no facto de em Portugal não haver dobragem de filmes e de programas televisão estrangeiros, o que resulta numa exposição contínua ao inglês através da televisão e do cinema; já na Turquia todos os filmes e programas são dobrados, sendo consequentemente a exposição informal ao inglês necessariamente mais baixa. No que ao turismo diz respeito, verificou-se que falantes de inglês visitam mais Portugal do que a Turquia, pelo que nesta última o turismo é fonte menos relevante de exposição ao inglês e estímulo menos ativo para aprendizagem da língua; esta conclusão foi ainda confirmada pela observação do uso ativo do inglês junto de uma amostra de recepcionistas de hotéis em ambos os países. Na área da designação de lojas e marcas, as diferenças entre a Turquia e Portugal são ténues, verificando-se em ambos os países uma presença muito significativa da língua inglesa, que chega a ultrapassar a nativa. O quarto capítulo considera os contextos históricos e atuais do ensino / aprendizagem de inglês na Turquia e em Portugal, as atitudes dos alunos em relação à língua em ambos os países e o grau de proficiência em inglês dos seus habitantes. A investigação feita revelou que o inglês começou a ser ensinado um pouco mais cedo em Portugal do que na Turquia, mas que atualmente a carga horária no ensino obrigatório é semelhante nos dois países e o número de anos em que faz parte do plano de estudos é igualmente idêntico. As diferenças identificadas relacionam-se com as metodologias de ensino e avaliação, assentes na gramática na Turquia e na comunicação em Portugal. Para além disso, os portugueses, parecem ter uma motivação integrativa para aprender inglês, enquanto os turcos têm apenas uma motivação instrumental para essa tarefa. Em relação às atitudes face ao inglês, os portugueses mostram fortes atitudes positivas, estando cientes dos benefícios do multilinguismo. Quanto aos turcos, eles também mantêm atitudes positivas em relação ao inglês e à sua aprendizagem, reconhecendo o seu valor instrumental, mas muitos consideram o inglês uma ameaça à sua língua e cultura. No que diz respeito à proficiência em inglês, as disparidades entre os dois países foram confirmadas, com vantagem para Portugal, sugerindo-se a ligação deste facto à menor exposição à língua entre os Turcos, o conservadorismo dos métodos de ensino da língua e as atitudes ambivalente em relação ao inglês que se encontram entre os mesmos. A dissertação termina com uma conclusão, em que se resumem as principais diferenças no perfil sociolinguístico do inglês na Turquia e em Portugal, se sublinha a heterogeneidade dos territórios do círculo em expansão da língua inglesa e se destaca a confirmação da presença crescente do inglês no globo

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